Profeta

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Para onde vamos,depois da morte?

A única certeza que temos na vida é de que um dia todos morrerão. E é por isso que a palavra morte assusta tanto. Para alguns, ela significa o fim, a inexistência. Para outros, é apenas uma passagem, um estado de transição este mundo e os demais, ou entre a Terra e o céu. As teorias encontradas a respeito deste assunto são as mais diversas possíveis, e é justamente por isso que o tema gera muitas dúvidas e curiosidades por parte das pessoas.
Segundo a psicóloga Sibeli De Bonna Barbosa, mesmo sem perceber o real significado da palavra as crianças já brincam com frases referentes à morte. “Antes dos três anos de idade elas não entendem o seu verdadeiro conceito. Podem matar uma formiga sem associar uma coisa à outra. Entre os cinco e os nove, elas já percebem que a morte é algo definitivo, mas pensam que o falecido pode ouvir, ver e sentir. Dos 9 aos 10 anos de idade, as crianças entendem que a morte acaba com todos os tipos de reação do corpo e, somente após os 10 anos o conceito de falecimento se torna mais realista. Apenas na adolescência a verdadeira noção de morte e de vida se torna clara”, diz Sibeli.
A psicologia afirma que a primeira reação da criança quando se depara com algum falecimento é de curiosidade, e não de medo. Onde esta pessoa está? Ela vai voltar? Por que foi embora? As respostas dadas pelos pais ou familiares é que vão formar o conceito de morte da pessoa, ainda na infância. “Quando esta criança se tornar adulta, ela poderá mostrar diferentes reações diante da morte. Dependendo do que lhe foi repassado quando ela ainda era pequena, poderá sofrer de forma sadia, com ansiedade e tristeza, ou então ter reações mais patológicas e se mostrar histérica, em pânico ou, até mesmo, entrar em uma depressão profunda”, lembra a psicóloga.
A morte é uma certeza que todos têm. Conforme a doutrina da Igreja Católica, ela deve ser encarada como um fato normal da vida, embora seja dolorosa e triste. “A nossa Igreja tem alguns modos de lidar com esta situação. Um deles é a Unção dos Enfermos. Este sacramento é um sinal da presença de Deus na vida daquela pessoa, e vai ajudá-la a enfrentar com serenidade esta difícil fase. Outra maneira de auxiliar é através da cerimônia do funeral, de orações e da missa de corpo presente. Estes atos consolam a família e dão uma carga de fé àqueles que estão sofrendo”, ressalta o pároco de Urussanga, padre Jiovani Manique Barreto.
O catolicismo tem como prioridade ajudar os familiares e amigos daquele que faleceu. A missa de sétimo dia e os terços diários são um exemplo disto. “Rezamos e pedimos para o descanso eterno da pessoa. Também visitamos as casas, oramos e aconselhamos quem necessita. Tentamos fazer o possível para que os mais próximos superem o processo de luto, que muitas vezes é demorado e sofrido”, lembra o pároco.
A Igreja Católica acredita que quando alguém falece, ela comparecerá diante de Deus para um julgamento final, onde toda a sua vida na Terra será julgada. “Aqueles que viveram de forma sadia seguindo os ensinamentos de Deus, ajudaram aos irmãos e tiveram boas atitudes passarão por um processo de purificação e irão para o céu. Mas aqueles que viveram longe do Pai, foram más, não tiveram vontade alguma de se converter ou rever a própria vida vão para um lugar longe de Deus, chamado de inferno”, explica o padre.
Diferente do catolicismo, os Testemunhas de Jeová afirmam que a morte é o oposto da vida, é o fim, a inexistência. Quando a pessoa falece, permanece num estado de inatividade e não tem a consciência de mais nada. “No início da criação, Deus fez o mundo e deu vida ao homem, com a condição de quando falecesse, voltasse ao seu estado inicial. As pessoas foram criadas do pó, e ao pó retornarão, isso é bíblico”, afirma o ancião da congregação de Urussanga, Romeu Rossi.
Os adeptos a esta religião não têm medo da morte, justamente por terem a certeza de que quando alguém falece, tudo acaba, não há nada depois. “Existem dois grandes amigos. Um deles morre, e o outro, que continua vivo, passa a ter medo do espírito daquele que faleceu. Tem receio, fica assustado porque acredita que a alma daquele que era seu amigo pode fazer-lhe algum mal. Este temor foi incutido na cabeça das pessoas, mas é algo infundado. A maior punição que uma pessoa pode ter é, justamente, não ter a vida. A Bíblia diz que haverá uma ressurreição corporal de todos os que já morreram, sejam eles justos ou injustos, para o julgamento final. Esta é a nossa esperança”, diz Rossi.
Os pensamentos e doutrinas variam de religião para religião. Outra forma de lidar com este tema bastante indagado é através do espiritismo. O credo vê a morte de maneira bem diferente dos católicos ou dos Testemunhas de Jeová. Para os espíritas, somente o corpo físico morre, mas o espírito continua vivo. “Quando uma pessoa desencarna, ela vai para determinado plano conforme sua evolução espiritual. Não acreditamos no céu ou no inferno. Deus é justo e Pai, não vai destinar um lugar melhor ou pior aos seus filhos. Ele não cobra nada de nós, quem cobra é a nossa própria consciência”, fala Rosimere Aparecida Mafra da Silva, espírita há 28 anos.
Segundo a religião, o espírito reencarna em outro corpo para pagar as dívidas das vidas passadas ou da atual. As pessoas têm o livre-arbítrio para escolher o que é melhor para si, e por isto mesmo são responsáveis pelas atitudes tomadas. Quanto mais errar, mais tem a pagar. “Não existe nenhum anjo neste mundo, quem está aqui é porque tem que saldar alguma dívida. Esta vida é uma passagem, temos muito que aprender. Devemos amar e perdoar, porque acima de tudo somos todos irmãos”, lembra Rosimere.
O lema do espiritismo é que fora da caridade não há salvação. A crença prega que não é a religião que leva uma pessoa a determinado lugar, e sim as boas ações que ela tem. Deve-se fazer caridade, fazer o bem e se doar sem nenhum tipo de interesse, pois sabe-se que todos prestarão contas de seus atos. “Não devemos ter medo da morte. Nada acontece por acaso”, afirma Rosimere.
Diferente deste pensamento, a Igreja do Evangelho Quadrangular não acredita na reencarnação. Para os religiosos, a morte não indica extinção, mas sim a separação do corpo e da alma. Morrer significa cessar a vida como ser humano e ser introduzido no chamado mundo invisível. “É importante as pessoas entenderem que todas as almas existirão eternamente, nenhuma findará”, alegra o pastor da igreja, João Carlos Portal.
Os adeptos acreditam que existem três tipos de mortes, e afirmam que todas elas estão nas Escrituras Sagradas. “A primeira é a física, que consiste na transição do mundo visível para o invisível. A segunda é a espiritual, quando um homem ainda está fisicamente vivo, mas espiritualmente morto. Nesta condição, o ser humano ainda pode se redimir dos seus pecados e rever suas atitudes erradas. A terceira é a morte eterna. É quando ocorrerá o juízo final, e diante do trono branco, Deus julgará os mortos, e os ruins de coração serão lançados no lago de fogo”, assegura Portal.
A Igreja Quadrangular diz que quando a vida de alguém está no fim, ela quer em torno de si aqueles que amam e fazem parte de seu ciclo de relacionamentos. “Para muitos, a morte é um mistério, pois não sabem quais as suas consequências. Alguns homens, por não ter o entendimento sobre este assunto, entram em desespero e não aceitam. É importante lembrar que após o falecimento a alma permanece em um estado intermediário, aguardando o julgamento que definirá se ela vai para o céu ou será condenada eternamente”, observa o pastor.
O fato é que dezenas de pontos de vista podem ser apresentados sobre este assunto. A morte gera polêmica, dúvidas e incertezas em grande parte das pessoas. Saber o que ocorre depois do falecimento é uma curiosidade geral. Céu e inferno, reencarnação, mundos invisíveis, ou simplesmente o fim; cada um crê no que acha mais certo, e naquilo que acredita ter mais fundamento. As opções são inúmeras, e estão aí para serem indagadas e acreditadas (ou não) pelos homens. Desta forma, sabe-se que temos apenas uma certeza na vida: que todos, um dia, mais cedo ou mais tarde morrerão.