Profeta

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fazenda de Minhocas

Confecção de um mini minhocário caseiro

Para quem não sabe, um minhocário (ou composteira) é uma fazenda de minhocas que ajuda a reciclar os restos de comida e transformar o substrato em húmus, um composto muito rico que pode ser usado como biofertilizante em hortas e jardins. Antes de optar por uma solução caseira, pesquisei sobre o assunto e encontrei empresas que vendem modelos prontos em caixas plásticas, que podem ser usados até em apartamentos. Além de caixas plásticas, um minhocário pode também ser montado em tambores, cestas de frutas, canteiros e outros.
Observei que a estrutura mais prática para a montagem do minhocário para compostagem são as caixas plásticas empilhadas. O tamanho varia conforme o necessidade da residência e do local disponível para o minhocário. Inicialmente, usei três caixas plásticas empilhadas com pequenas aberturas para manter a estrutura oxigenada (importante).
O elemento principal do minhocário (isto é, minhocas) encontrei na horta da minha mãe, debaixo dos restos de comida que ela enterra para fazer adubo. Mas, se você não tiver uma horta por perto, sugiro dar uma olhada no Minhobox, que apresenta várias opções para adquirir uma colônia de minhocas. Outra possibilidade é usar o humus de minhoca encontrado em lojas de jardinagens, que sempre apresentam vários ovos misturados à terra.
Como fazer um minhocário caseiro
Você vai precisar de:
   * Três caixas em cor escura, tipo container, que possam ser empilhadas sem o apoio das tampas;
    * Torneirinha de bebedouro;
    * Pedaço de tela de arame grossa;
    * Pedaço de manta permeável;
    * Minhocas (conheça as principais espécies no artigo Espécies de minhocas: diferenças básicas)
    * Substrato (inicialmente um saco de 20Kg);
    * Jornal sem cor;
    * Restos de comida.
    Corte o fundo de duas das caixas mantendo uma borda de 3 a 5 centímetros. Numa das caixas, fixe a tela de arame grossa, que deve estar na medida do fundo da caixa. Para facilitar, coloque a tela de arame dentro da caixa. Na outra caixa, fixe a manta permeável. Neste caso, é mais fácil fixar a manta por fora da caixa com fita vinílica ou similar.
    Na caixa restante, corte lateralmente um orifício na mesma medida da torneirinha, fixando-a (sugiro usar silicone para evitar vazamentos).
    A estrutura proposta usa somente uma tampa, que deve possuir algumas perfurações para permitir a oxigenação.
    Seguindo o modelo apresentado no livro Soluções Sustentáveis: Permacultura Urbana, a estrutura do minhocário é a seguinte:

    Fonte: a autora.
    Coloque o substrato umedecido na caixa do meio e, em cima dele, as minhocas (para saber a quantidade ideal de minhocas leia o artigo Com quantas minhocas eu começo?). Após três dias, acrescente o substrato na caixa superior e os restos de alimentos. Cubra com o jornal sem cor.
    O período médio para produção do humus são 45 dias. Então, coloque uma peneira grossa, no topo do substrato, com restos de comida. Os restos vão atrair as minhocas, que passarão pela peneira, facilitando a retirada do humus (para saber mais leia Como saber quando o húmus está pronto).
    Observações
    As minhocas não gostam de sol e calor excessivos. Por isso, mantenha o minhocário em lugar à sombra e arejado. Também é importante manter a terra úmida.

    Confecção de um minhocário !

    Minhocario
    fonte: ESAM
     Materiais necessários para cada minhocário:

    Uma garrafa pet de 2 litros e uma menor de água mineral brita ou pedrinhas, terra, saco de lixo preto, minhocas.

    Procedimentos:                              

    Corte a garrafa pet tirando o bocal.
    No fundo da garrafa pet coloque brita (não há necessidade de furar o fundo da pet).
    Sobre a brita coloque a garrafa menor (com água e tampa) dentro da garrafa pet.
    Ao redor, despeje a terra e largue as minhocas.
    Após terminar, utilize um saco de lixo escuro para envolver a garrafa, pois as minhocas não são acostumadas com claridade.
    Não é necessário molhar, pois a garrafinha com água fornece umidade para a terra, a não ser que seja uma região de excessivo calor, molhe de vez em quando, podendo colocar alguns lixos orgânicos sobre a terra para alimento das minhocas.
    Depois de dias, ao tirar o saco de volta da garrafa poderemos observar os caminhos das minhocas bem definidos.
    Volte a cobrir com o saco de lixo evitando a luz para as minhocas.

    Confecção de mini-hortinhas com garrafas pet

    Materiais necessários:

    garrafas pet, tesoura, terra, mudinhas ou sementes.

    Sementeira
    fonte:EduardoJaco

    Procedimentos:

    Deite a garrafa pet e corte um dos lados da “barriga” da garrafa, sem atingir o fundo nem a boca da garrafa.
    Faça pequenos furinhos no fundo e coloque terra.
    Em seguida, plante as sementes ou as mudas e é só cultivar com cuidado.
    Como suporte podemos usar caixas de ovos para que não fiquem diretamente no chão e, de tempos em tempos, estes suportes poderão ser substituídos, pois podem apodrecer com a umidade que escorre do excesso da água pelos furinhos da garrafa.

    Escrito por Berenice Gehlen Adams

    Aprenda a fazer compostagem em casa

    Aqueles com pouco espaço e pequena produção de resíduos podem optar pelas composteiras em quintais, varandas ou garagens. Elas podem ser construídas com materiais disponíveis, devem permitir a circulação do ar e comportar volume mínimo de um metro cúbico.

    A caixa, conhecida como neozelandesa, é a mais tradicional. Trata-se de um engradado sem fundo e tampa e com laterais removíveis (tábuas encaixadas). Um tamanho padrão é o de um metro na base por um metro de altura. Você pode trabalhar com uma caixa, que será montada e desmontada para continuar a compostagem, ou fazer duas ou três unidades. A passagem do material de uma composteira para outra ajuda a homogeneizar a matéria, melhorando a aeração.

    Outra boa opção é o cesto telado, feito com tela de galinheiro reforçada com arame ou com tela de metal coberta com plástico.
    Processo
    Já a compostagem em pilhas não exige equipamento especial, sendo o processo indicado para quem possui espaço e geração de grandes volumes. É a forma mais simples e barata.

    O material deve ser acumulado em pilhas, colocadas em locais sombreados para evitar o ressecamento e protegido contra a ação das chuvas. O solo deve possuir boa drenagem, para evitar acúmulo de água embaixo das pilhas, o que provoca mau cheiro e atrai animais.

    Faça primeiro uma camada de material seco de 15cm a 20cm, com folhas, palhadas, troncos e galhos picados. Na segunda camada, coloque restos de verduras, grama e esterco. Volte a fazer outra camada de material seco, seguida de esterco e assim por adiante, até atingir 1,5m. O amontoado deve ser plano para evitar acúmulo de líquido.

    Adicione água ao montar as camadas. No primeiro mês, revolva o composto três vezes. Verifique sempre a umidade. O composto fica pronto entre 60 e 90 dias e deve ser peneirado em malha de 10mm a 30mm de diâmetro.

    Para saber se o fertilizante está no ponto, faça o teste da água: deposite uma porção do composto em um copo. Se ele colorir a água de tons escuros, tendo partículas em sustentação, sua compostagem deu certo. Se o material se depositar no fundo e não colorir a água, ainda não está pronto.

    Caso você resolva fazer da compostagem um negócio, a legislação brasileira determina que o fertilizante orgânico apresente mínimo de 40% de matéria orgânica, pH mínimo de 6,0, teor de nitrogênio igual a 1% e relação carbono/nitrogênio na proporção 18/1. Lembre-se de segregar o lixo orgânico com cuidado, sem contato com lâmpadas e pilhas, por exemplo, que contaminam o material com metais pesados.

    quinta-feira, 14 de outubro de 2010

    DEUS

    O que é Deus? Quem é Deus? Existe?
    Ou é mera invenção humana?
    O que significa Deus?

    Se algum desconhecido me perguntar diretamente se eu acredito em Deus e exigir apenas

    Sim ou Não como resposta, eu não saberia o que dizer. Pelo simples fato de que eu não

    saberia sobre que Deus essa pessoa estaria falando.

    Sinceramente não creio que haja uma palavra mais mal compreendida,

    confusa e multi signficativa do que Deus.

    A palavra "deus" deriva da palavra grega "teo", que por si só pode significar não

    apenas um tipo específico de deus monoteísta,

    mas também qualquer tipo de divindade ou "princípio" divino.

    Quando um brasileiro usa a palavra Deus, não há como saber

    superficialmente se ele está se referindo a uma concepção de

    Deus Panteísta como o da maioria das religiões espiritistas,

    a um específico deus de um panteão qualquer,

    ao Deus monoteísta ao estilo Judáico-Cristão,

    ou mesmo a alguma idéia mais abstrata tal como uma simples

    Consciência Universal, uma Inteligência Oculta ou mesmo as

    simples leis de causa e efeito da natureza.

    Para deixar logo de imediato minha opinião sobre o assunto declaro que:

    ACREDITO QUE EXISTA UMA "INTELIGÊNCIA" SUPREMA NO UNIVERSO.
    INCOGNISCÍVEL E NÃO INTERFERENTE DE FORMA DIRETA
    EM NOSSAS VIDAS

    Mas agora, apenas para mostrar o quão complexa é a questão,

    verifiquemos o significado de diversas palavras diretamente relacionadas ao termo Deus.

    DEUS: Qualquer entidade cujos atributos estão acima das capacidades humanas.

    TEÍSMO: Qualquer idéia de que há um Deus supremo ou vários deuses que se

    relacionam diretamente com o Universo

    DEÍSMO: Idéia de que há um Deus, mas este não se relaciona diretamente com o Universo, tendo-o criado e depois se afastado, eliminando a possibilidade de haver revelações divinas ou qualquer comunicação com tal divindade.

    ATEÍSMO: Concepção de que não há qualquer forma de Deus, mas que não necessariamente invalida um plano transcendente.

    AGNOSTICISMO: Posição que declara não ser possível

    "Nenhum conhecimento" confiável a respeito de Deus. Seus

    partidários embora em geral não neguem a existência de Deus, não seguem qualquer religião.

    PANTEÍSMO: "Pan" significa Natureza. Idéia de que Tudo é Deus.

    Que todos os elementos e coisas existentes são o próprio "corpo"

    de Deus, e mesmo que possua uma dimensão invisível, transcendente,

    está intimamente ligado a natureza e relacionado a todos os eventos.

    PANENTEÍSMO: Variação do Panteísmo Transcendente onde

    a "alma" do universo porém excede em muito o "corpo", de modo que

    Deus e a Natureza não são a mesma coisa, mas Deus é ONIPRESENTE em tudo,

    característica que pode gerar confusão com o Monoteísmo.

    POLITEÍSMO: Idéia de que existem vários deuses independentes, que geralmente representam aspectos específicos da natureza, mas não são a própria natureza, e que geralmente se sucedem através de gerações.

    HENOTEÍSMO: Concepção de que existem vários deuses mas que um possui a qualidade suprema.

    MONOTEÍSMO: Idéia de que existe um único Deus supremo sobre

    todas as outras criaturas, que é princípio e fim de todas as coisas e que

    criou o Universo estando separado dele. Pode confundir-se com Henoteísmo,

    e por vezes com o Politeísmo, por admitir a existência de outras criaturas divinas

    como Anjos, mas que nesse caso, não são chamadas de deuses, e estão claramente

    subordinados a entidade máxima que é Eterna e Imutável.

    TEOCRACIA: Sistema de governo subordinado a uma religião,

    através de uma classe sacerdotal e, ou, um código de leis sagradas.

    METAFÍSICA: Parte da Filosofia que aborda questões que transcendem o plano físico e a natureza sensível.

    TEOLOGIA: Parte da METAFÍSICA que estuda a idéia e concepção de Deus.

    Palavras secundariamente relacionadas:

    MONISMO: Idéia de que todo o Universo pode ser visto através de

    uma única substância, reduzido a uma única essência, que pode estar associado

    à idéia de Deus e mais aproximadamente de um Deus Panteísta.

    DUALISMO: Concepção de que o Universo é composto fundamentalmente

    por duas forças primárias, princípios complementares, substâncias equivalentes

    e distintas, que podem se harmonizar ou não dependendo de suas proporções

    estarem ou não em equilíbrio. Só poderiam ser reduzidas a uma, se puderem, num plano transcendente.

    MANIQUEÍSMO: Religião fundada na Pérsia no século III que propunha de

    que o Universo é constituído de dois princípios fundamentais opostos que se

    repelem e não podem se harmonizar, no caso o Bem e o Mal. Nome também

    usado para designar qualquer concepção de Dualismo desarmônico e conflitivo.

    MONOLATRIA: Adoração centrada num único ponto. Geralmente no

    Politeísmo, onde ocorre a adoração de uma só divindade embora não

    implique sempre em Henoteísmo. Muitas vezes o foco da adoração se

    desloca para uma figura humana, um Governante, Rei, Imperador, ao

    qual se atribuem qualidades divinas.

    NIILISMO: Crença que não há qualquer forma de deus, transcêndencia,

    ética ou moral superiores. Descrença absoluta.

    MATERIALISMO: Doutrina que visa explicar todos os fenômenos

    existentes pelo ponto de vista unicamente físico, sem apelar para qualquer

    conteúdo Metafísico.

    HEDONISMO: Modo de vida que se ocupa unicamente da busca do

    prazer e satisfação pessoal.

    CETICISMO: Posição crítica que rejeita alegações sem uma boa

    fundamentação e apresentação de provas convincentes, principalmente

    se de caráter extraordinário.

    SOLIPSISMO: Proposição de que o Eu é a única realidade comprovada,

    e todas as demais coisas podem ser projeções da mente individual.

    EXISTENCIALISMO: Doutrina que prega que o ser humano é quem

    determina todos os eventos a partir de sua própria escolha, sendo totalmente

    livre para fazer o que quiser, não havendo qualquer impedimento de ordem

    divina, moral ou ética. Nesta concepção a Existência precede a Essência do

    Ser, que na verdade é um Não-Ser, um vazio.

    Creio que este simples glossário possa evidenciar a complexidade dessa

    questão que ao longo da história vem sendo abordada das mais diversas

    formas possíveis. Há muitas proposições que visam comprovar ou reprovar

    a existência de um princípio divino no Universo, porém, pelo meu ponto de vista,

    o estabelecimento de uma certeza com

    relação a essa questão é praticamente impossível.

    É evidente que sob qualquer concepção séria, Deus não pode ser

    diretamente percebido pelos sentidos, e mesmo que o pudesse, a simples

    inconfiabilidade dos sentidos seria suficiente para que qualquer

    certeza nesse campo estivesse anulada. Sendo assim,

    Deus está fora do escopo da Ciência enquanto atividade Empírica.

    Dessa forma a única maneira de se abordar a questão é

    pela Filosofia. Antes de fazê-lo porém, gostaria de estabelecer

    algumas proposições que auxiliam na questão.


    AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO É EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA.


    Esta frase famosa diz que o fato de não podermos perceber
    algo não significa que este não exista, isso deveria ser óbvio,
    todavia inúmeras pessoas declaram a inexistência de algo apenas por nunca a terem experienciado.


    Significa que não se pode provar definitivamente que algo não exista. Mais provável
    é o contrário. Eu só preciso provar um único fenômeno para demonstrar que o
    mesmo existe, mas não tenho como demonstrar sua não existência a não ser
    negando alegações mal fundamentadas.

    Exemplificando: Para provar que existe um Coelho Verde basta
    apresentar um, mas eu não posso vasculhar o mundo inteiro em cada metro
    quadrado para mostrar que o mesmo não exista em algum lugar. Eu poderia
    entretando demonstrar que um suposto Coelho Verde seja uma fraude, mas
    isso mostra apenas que não se provou a existência de tal Coelho, não garante
    que ele não exista em algum outro lugar.

    Por essas duas proposições anteriores, fica claro que é mais provável
    provar alguma coisa, inclusive Deus, positivamente do que negativamente.
    Entretanto podemos sim demonstrar a inconsistência de determinadas
    proposições Teístas, principalmente a mais difundida de todas, a Monoteísta
    Judaíco-Cristã-Islâmica.

    Para prosseguir nessa abordagem só me resta estebelecer alguns nomes para
    evitar confusões. A palavra Deus será usada sempre da forma mais genérica
    possível, não significando então nenhum Deus específico. Quanto aos Deuses
    das diversas religiões, todos podem ser chamados por nomes específicos, como
    se segue no caso das religiões monoteístas.

    Bhramanismo

    BHRAMA

    Cristianismo

    IAVÉ, ou JEOVÁ

    Zoroastrismo

    AHURA MAZDA

    Islamismo

    ALÁ

    Judaísmo

    YHWH

    Sikhismo

    NAM

    Na maioria dos casos tais nomes não possuem um significado muito específico.

    ALÁ por exemplo é apenas a palavra "Deus" em árabe, o tetragrama impronunciável YHWH, geralmente corrupetalado para IAVÉ, e do qual decorre a grosseira falha de tradução que resulta em JEOVÁ,

    significa basicamente "EU SOU". Além do Deus cristão, o bhramane é o único

    que também possui uma natureza Trinitária.

    Quando ao Espíritismo Kardecista, ao qual resisto em classificar como Monoteísta

    e que apresenta a meu ver uma das mais convincentes proposições Teístas, ocorre

    o problema de não haver um nome específico para a divindade, por tanto sempre

    me referirei a ela como "Deus Kardecista" ou algo parecido.

    O INSUSTENTÁVEL MONOTEÍSMO TRADICIONAL DO OCIDENTE

    A maioria da população terrestre crê em religiões Monoteístas,

    uma vez que Cristianismo, Islamismo e Hinduísmo são as 3 maiores

    crenças, totalizando mais 2/3 do número de habitantes no globo.

    Como tento demonstrar no texto sobre RELIGIÕES, os motivos

    disso são principalmente a maior articulação teórica do Monoteísmo

    e sua postura expansiva incisiva.

    A crítica que se segue tem como alvo o Monoteísmo Cristão,

    e em menor grau o Judáico e Islâmico, não afetando outras formas

    de monoteísmo. É importante lembrar que tal crítica em si não invalida

    por completo todas as teologias desenvolvidas por essas religiões,

    mas apenas aquelas mais disseminadas, o que infelizmente corresponde

    a maioria esmagadora. O fato de, diferente da Trindade do Cristianismo,

    Judaísmo e Islamismo não aceitarem qualquer subdivisão da unicidade de

    Deus, também não é aqui relevante.

    O problema desse tipo de Monoteísmo já vem sendo abordado de

    várias formas há milhares de anos, e sua mais famosa expressão é objeto

    de estudo de uma das partes da Teologia, a TEODICÉIA.

    Uma vez que se propõe que JEOVÁ é ONIPRESENTE, ONISCIENTE

    e ONIPOTENTE, além de ETERNO e IMUTÁVEL, fica claro que

    absolutamente nada está fora de seu poder e conhecimento, sendo assim,

    por que existe aquilo que esse mesmo monoteísmo classifica como sendo o Mal?

    Por que JEOVÁ criou os anjos e os humanos já sabendo que um deles se

    rebelaria e que disso resultaria toda a saga do mundo após a queda do homem?

    Se ele não pudesse prever o que ocorreria, então não seria ONISCIENTE,

    pois ONISCIÊNCIA absoluta incluiu o conhecimento pleno do Futuro e do

    Passado, se ele sabendo não pudesse evitar, não seria ONIPOTENTE.

    Sendo assim é inevitável aceitar que tudo o que ocorre no universo,

    inclusive todas as mazelas do mundo, são responsabilidade direta deste

    Deus. E não adianta utilizar o velho Sofisma Agostiniano de que o Livre

    Arbítrio humano é o responsável pela existência do Mal, pois isso não

    remove a responsabilidade de JEOVÁ se ele tem poder absoluto acima de tudo.

    Na realiade sequer existiria Livre Arbitrio, pois todo o destino já estaria

    traçado dentro da "mente" de JEOVÁ, e os humanos e mesmo os anjos não

    teriam poder para alterá-lo, portanto tudo o que fazemos não é realmente

    resultado de nossas vontades e escolhas, mas sim, é predeterminado por JEOVÁ.

    Além disso, um Livre Arbítrio que exige uma conduta específica que do

    contrário resultaria numa pena severíssima, é um falso Livre Arbítrio.

    O problema porém surge quando se propõe um dos pontos chaves e

    clássicos da Doutrina Cristã, o da Justiça Divina, que se relaciona com

    a premiação e punição dos Anjos e Humanos devido as suas escolhas.

    Em geral a SOTERIOLOGIA, parte da Teologia que estuda a doutrina

    da salvação, compartilha a visão do julgamento divino e da sorte

    diferenciada dos seres, onde alguns receberão o gozo perpétuo e

    outros a aflição perpétua.

    Fica impossível contestar o fato de que então, desde o princípio,

    JEOVÁ planeja, cria, dá a vida, e dá como destino a bilhões de

    seres humanos um indizível sofrimento infinito num plano existencial

    infernal, deliberadamente. Não há como negar que Ele é o

    responsável por tudo isso. Portanto:

    JEOVÁ CRIA HUMANOS PARA SEREM LANÇADOS

    NO INFERNO INTENCIONALMENTE SEM QUALQUER

    POSSIBILIDADE DESTES EVITAREM ISSO.

    Esta á a Doutrina da PREDESTINAÇÃO, proposta inicialmente

    pelo protestante João Calvino, e que influencia a maior parte das

    designações protestantes cristãs. Afirma que JEOVÁ cria o Ser

    Humano e lhe concede Livre Arbítrio, mas já sabe de antemão

    quais serão as escolhas dele e qual será seu destino. Sendo assim,

    bem poderia não tê-lo criado, ou o criar com um natureza diferente,

    um Livre Arbítrio inclinado para a salvação. Se ele não puder

    fazer isso, não será Onipotente.

    O FATOR LÓGICO

    Até aqui na verdade, não há de fato nenhuma contradição

    lógica em si, mas já fica impossível atribuir a JEOVÁ qualquer

    conceito de Justiça e Bondade humanamente aceitável. Ou seja

    , pelos parâmetros humanos, JEOVÁ é infinitamente Cruel!

    Tentando atenuar isso, já se produziram várias Teodicéias que

    em geral não encontram outra solução que estabelecer um

    Dogma que afirma a impossibilidade de se compreender o

    desígnio divino, ou que tenta relativizar o conceito de Mal, ou

    então romper com a Soteriologia tradicional do Cristianismo.

    Se aceitarmos o Dogma da Incognoscibilidade, colocamos a

    Teologia em xeque. Ela seria uma atividade inútil. De nada

    valeria então toda a nossa elaboração teórica para compreender

    as revelações divinas. Dessa forma, todas as doutrinas perdem

    sua base como atividade humana, inutiliza-se então a religião como

    algo praticável, pois tudo estaria apoiado sobre algo que afinal não

    compreendemos em essência. Por que então haveria a revelação?

    Se esta não pode ser compreendida. Para quê Leis trazidas por profetas?

    Se nada do que fizermos mudará nosso destino. Toda a religião não

    passaria de um engodo, um abissal amontoado de supertições.

    Pode-se no máximo argumentar que os Dogmas ocupam apenas

    alguns aspectos da doutrina, ainda que os mais importantes, mas

    fica inegável a característica de irracionalidade, ainda que com o

    nome de Fé ou Graça, e a constatação que toda a demais teologia

    compreensível é no máximo um passatempo sem qualquer valor prático.

    Se aceitarmos a relativização do conceito de Mal, como entender que

    na realidade não exista o Mal em si, e sim apenas uma ilusão, então os

    preceitos clássicos da religião ficam abalados. Não haveria então o pecado,

    e sem o tal nem mesmo qualquer forma de punição, ou mesmo sofrimento.

    O próprio Inferno seria ilusório assim como o sofrimento. Isso retira por

    completo a força argumentativa da doutrina.

    A única saída a meu ver, será como veremos mais adiante,

    romper com certos estabelecimentos tradicionais do Cristianismo.

    Mas a grande contradição não está na verdade, nesse conteúdo

    emotivo da doutrina, que coloca a existência de todas as desgraças, todos os sofrimento, como sendo resultado da ação direta, intencional e plenamente consciente de JEOVÁ.

    A contradição está na verdade na alteração de estado da criação

    em relação aos atributos de IMUTABILIDADE e ETERNIDADE divinas.

    É inegável que o Universo logo após a criação é diferente do que

    virá logo após o Dia do Juízo. Ou seja, há duas realidades distintas

    completamente diferentes separadas por um certo intervalo de tempo.

    Se esse Deus é então ONIPRESENTE a toda a sua criação,

    é inegável que ele se relaciona com a mesma, então como poderia ele ser IMUTÁVEL?

    Simplificando, se JEOVÁ é ETERNO e IMUTÁVEL, ou seja,

    pleno em todas as suas perfeições, por que então ele criaria um

    Universo temporal que é mutável? Não se pode produzir algo

    intencionalmente sem um propósito, qual seria então o proposito

    de um SER absolutamente perfeito?

    Qual a função da Criação? Se nada falta a JEOVÁ?

    Se a Criação tivesse apenas um objetivo em si própria, o papel

    então de sua expressão máxima, o Ser Humano, deveria ser muito

    mais independente da natureza divina do Deus. Então por que não

    permitir a este Ser Humano uma verdadeira liberdade de ação em

    um Universo que só tem sentido para ele próprio?

    Como aceitar que o JEOVÁ da recém criação, que convive, intereage,

    delega, e se relaciona apenas com seres quase perfeitos, os anjos, num

    universo perfeito, o mundo recém-criado, e o primeiro casal ainda no

    Éden, seja o mesmíssimo JEOVÁ que convive, interage, delega e se

    relaciona com um universo onde há uma parte da humanidade vivendo

    no Paraíso, e parte sofrendo no Inferno, incluindo um ou dois terços

    dos anjos no lago de fogo e enxofre, seres que antes foram quase perfeitos?

    Fazendo a comparação, uma pessoa que vive numa belíssima casa não

    o faz da mesma forma que se vivesse numa casa de péssimas condições,

    suas impressões, sentimentos, atitudes, mudariam, ela mudaria, a não ser

    que ela ignorasse por completo a casa. Da mesma forma a não ser que

    JEOVÁ ignorasse por completo sua criação, não há como aceitar que

    sendo o Universo uma expressão de seu poder, irá existir em tempos

    distintos de formas tão distintas, sem afetar de alguma forma as

    caracteristicas deste Deus.

    Sintetizando:

    SE JEOVÁ EXISTIA ETERNAMENTE ANTES DA CRIAÇÃO,

    E ENTÃO DEU ORIGEM A UMA CRIAÇÃO, ENTÃO NÃO É IMUTÁVEL,

    SUFICIENTE EM SI MESMO, E PERFEITO.

    A SOLUÇÃO PARA O IMPASSE

    Esse problema já era exposto desde os primórdios do

    Cristianismo, e uma de suas formas era com a pergunta:

    "O que Deus fazia antes de criar o Universo?"

    Seria ingenuidade crer que isso é suficiente para neutralizar

    a teologia cristã. Com quase dois mil anos de elaboração e

    tendo em sua tradição brilhantes mentes ao longo da história,

    não são simples perguntas e raciocínios aparentemente

    inescapáveis que irão demolir a trabalho milenar de filósofos

    que remontam até o helenismo.

    As duas contradições citadas acima, entre os ONI atributos

    de JEOVÁ e o Livro Arbítrio, e entre a Imutabilidade e a

    criação temporal, costumam receber o nome de ANTINOMIA,

    um paradoxo que só pode ser aceito pela fé.

    Orígenes de Alexandria, no século II dC, já propunha uma resposta

    que, infelizmente, jamais foi muito aceita na doutrina cristã. Trata-se

    da APOCATÁSTASE (Restauração), ou UNIVERSALISMO,

    também conhecida como ORIGENISMO.

    Segundo essa proposição, ao final de todos os eventos apocalípticos

    previstos nas escrituras, todo o Universo seria revertido ao estado de

    perfeição original. Essa restauração eliminaria todas as divisões, inclusive

    entre o Inferno, a Terra e o Céu, e todos os seres seriam reintegrados à

    divindade. Enfim, mesmo Satan seria perdoado.

    Com essa idéia, e acentuando essa reversão, a Criação seria desfeita até

    o estado onde antes só houvera JEOVÁ e o vazio. Tendo isto, fica aberta

    a idéia de que a Criação poderá ocorrer novamente da estaca zero, para

    depois ser encerrada de novo, e de novo. É evidente de que houveram

    infinitas criações anteriores e haverão posteriores. Sendo assim, o

    Universo seria infinitamente criado e desfeito, num ciclo eterno.

    Essa idéia elimina o problema da contradição entre a existência eterna,

    perfeição e imutabilidade divina, e a criação temporal isolada no tempo.

    Pois deus recriaria o Universo incessantemente, e esse ciclo faria parte

    de sua natureza, essa constante atividade estaria inclusa na sua imutabilidade,

    que não seria um estado em si, mas um processo imutável.

    Essa idéia é parte integrante de duas outras religiões monoteístas.

    O Bhramanismo e o Shikismo indianos, e abre espaço para várias

    outras elaborações, inclusive a que permite uma maior veracidade do Livre Arbítrio.

    A APOCATÁSTASE, exige também um conceito que embora não

    maioritário na doutrina cristã, é de bem maior aceitação, o ANIQUILACIONISMO,

    que diz que os condenados ao Inferno não sofrerão perpétuamente e sim serão aniquilados,

    deixarão de existir após um certo período de tempo. Algumas designações

    cristãs como os ADVENTISTAS DO 7o DIA e os TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

    são adeptos dessa doutrina.

    Porém é muito grande a insistência das maioria das teologias cristãs em manter um doutrina completamente insustentável racionalmente, o da Punição e Graça Pérpetuas.

    PUNIÇÃO "ETERNA"

    A crença no tormento eterno para os infiéis é uma das mais

    notáveis, marcantes, incômodas, e sem dúvida a mais execrável

    de todas as proposições das teologias monoteístas tradicionais.

    Ela elimina qualquer possibilidade de se defender a idéia de que

    JEOVÁ seja um ser bondoso, amoroso ou piedoso em qualquer

    parâmetro humanamente compreensível. Pior, ela torna impossível

    defender a idéia sequer de que Ele seja um ser Justo e Inteligente.

    Isso pode ser facilmente demonstrável por uma alegoria. Sabemos

    que os delitos podem ser punidos com penas diferentes de acordo com

    a gravidade da infração, como por exemplo:

    O Roubo de um pão: - 1 Dia de prisão

    Crime Hediondo Brutal: - 50 Anos de prisão.

    Está implícito que de certa forma, o Crime Hedindo Brutal

    é cerca de 18.250 vezes mais grave que o roubo do pão, pois

    para o mesmo é aplicado 50 x 365 dias de prisão. Isso sem dúvida

    é algo que podemos considerar como justiça pelos parâmetros humanos,

    ainda nos padrões do senso comum.

    Seria justo porém, que a punição para os dois crimes acima fosse a mesma?

    Se considerarmos que não, então não temos como aplicar qualquer

    concepção humana de justiça à idéia de "Punição Eterna", pois pela maioria

    das teologias convencionais, não são apenas os mais hediondos e brutais

    crimes imagináveis que serão punidos com o tormento infinito.

    Segundo o Islamismo, uma pessoa, por mais íntegra, caridosa, sensível e

    justa que seja, será atirada ao ignominioso castigo interminável se

    simplesmente não acreditar na existência de ALÁ. Segundo a

    Teologia da maior parte das designações protestantes, a mesma

    pessoa terá o mesmo destino se não aceitar o dogma de que todos

    os humanos são inerentemente pecadores e só se salvam pela fé em Jesus Cristo.

    Por outro lado, mesmo após praticar crimes extremamente terríveis,

    o indivíduo poderia obter a Graça Infinita se realizar sua conversão

    e abraçar a fé.

    Dessa forma, se torna possível igualar um Ser Humano que só

    cometa um leve delito, ao mais horrendo dos psicopatas de todo os

    tempos. Ao mesmo tempo que esse psicopata extremo possa ser

    subitamente igualado ao mais louvável dos Seres Humanos, se ele cumprir,

    ao final de toda uma vida de crimes, as exigências de uma conversão religiosa.

    Se considerarmos praticamente todos os parâmetros humanos de justiça, é impossível considerar justos esses procedimentos de punição e premiação, entretanto ainda podemos apelar para o super relativismo, de que tais parâmetros de justiça não são humanos, ou ainda os inúmeros recursos racionais possíveis para se fazer valer um ponto de vista específico contra os tradicionais pontos de vista da ótica humana.

    O único ponto entretanto que não pode ser superado pela razão é o conteúdo

    "Eterno" desta Punição ou Salvação divinas. Esse peculiar elemento torna a

    doutrina racionalmente incompreensível.

    Trata-se da incoerência lógica de se relacionar diretamente um evento temporal

    com um evento supra temporal, "Eterno". Como veremos a seguir.

    O TEMPO E A ETERNIDADE

    O próprio termo "Punição Eterna" já é contraditório.

    ETERNO significa o que está "fora do tempo", não tendo tido

    começo nem fim, punição por outro lado é um conceito claramente

    temporal, algo que se aplica a partir de um determinado momento

    devido a um evento ocorrido na linha do tempo. Portanto o termo

    correto na verdade seria PUNIÇÃO PERPÉTUA, pois Perpétuo é

    o que mesmo tendo início não teria fim, o que acrescenta uma problema

    talvez ainda maior, pois sendo o Perpétuo uma espécie de "Metade de

    Eternidade", como compreender a idéia de que a Eternidade permita ser dividida?

    Faria sentido dividir o infinito? A idéia do Perpétuo, ou do "Retro-Perpétuo",

    que seria o que nunca teve começo mas teria fim, seria então equivalente a Eternidade?

    Ou aceitaríamos a "Meia-Eternidade"?

    Antes de observarmos a ilustração abaixo, é bom lembrar que a idéia de

    que o ETERNO possa ser representado por uma Linha de Tempo Infinita é

    em si errônea. O ETERNO não seria um "tempo" interminável para o passado e

    para o presente, mas sim uma ausência de tempo. Porém na impossibilidade

    racional de se trabalhar com esse Não-Tempo, usemos enfim a ilustração

    na forma de "Tempo Infinito".

    Até agora não vimos um meio de driblar esse paradoxo da "Semi-Eternidade",

    que caracterizaria o Perpétuo, mas o mais importante no momento é compreender

    a diferença desses conceitos com o conceito Temporal.

    Tudo o que existe no tempo, só pode ser relacionado com outras coisas temporais,

    a relação direta entre o temporal e o Eterno ou Perpétuo é como já vimos, no mínimo duvidosa.

    Sabemos que tudo o que existe no nosso plano temporal não pode perpetuar-

    se indefinidadamente. É preciso antes de tudo se livrar da idéia de que o

    Perpétuo seria um período de tempo muito grande, não é, seria uma forma

    de escapar do Temporal.

    Se imaginarmos que existe um tipo de "barreira" entre o Eterno e

    o Temporal, perceberemos que nada temporal pode adentrar a

    "Dimensão do Eterno", o que passou a existir não pode se tornar

    ETERNO, isso é completamente absurdo. Isso nos leva então a duas possibilidades:

    Se o PERPÉTUO equivaler ao ETERNO, no sentido de que metade de

    Infinito continua sendo Infinito, então nada temporal pode se perpetuar

    infinitamente, portanto, a idéia de que algo temporal possa ser de um

    modo ou de outro "eternizado" é insustentável. O temporal não pode se

    tornar ETERNO, portanto nesse sentido, Punição Perpétua seria o mesmo

    que Punição Eterna, ou seja, uma contradição.

    Se o PERPÉTUO pertencer a uma dimensão diferente do ETERNO,

    resta então verificar a viabilidade de tal possibilidade. O PERPÉTUO

    como algo em especial, diferente do Temporal e do Eterno. Consideremos o seguinte esquema:

    Podemos notar que em relação aos TEMPORAIS, um PERPÉTUO

    é como um ETERNO, a não ser que sua interrupção ocorra dentro do

    período decorrido do TEMPORAL.

    Mas o detalhe é que se existe o Perpétuo FUTURO, porque não existiria

    o Perpétuo PASSADO? Ou Retro-Perpétuo?

    Seria válido considerar apenas o "sentido" PASSADO-FUTURO

    como passível de produzir PERPÉTUOS? O que impediria que algo

    tivesse pré-existência Perpétua e então cessasse de existir?

    Se for esse o caso, então a criação de Perpétuos se daria ao infinito,

    porém jamais fariam parte do ETERNO. Para os temporais entretanto

    equivaleriam ao ETERNO. A questão de se o Perpétuo é possível, é no mínimo duvidosa.

    Mas como ficaria o Retro-Perpétuo? Como poderia ser desfeita um

    coisa que sempre existiu no Passado?

    É evidente que o problema em si está fora do escopo da razão humana,

    mas podemos apresentar possibilidades.

    Um delas é a de que não existiria o Perpétuo em si, mas o

    SUPER TEMPORAL. Esse estaria acima dos temporais normais

    para os quais equivalerio ao ETERNO, ou seria Perpétuo caso

    sua interrupção se desse no decorrer desse temporal. Sendo assim

    o Pérpetuo e o Retro-Perpétuo formariam um Super Temporal.

    Outra é considerar que exista uma "dimensão" diferenciada para

    o Perpétuo, o que o tornaria possível, porém isso acrescenta um

    discussão ainda mais complicada. Uma vez que os Perpétuos podem

    ser criados, eles iriam aumentar incessante e exponencialmente o

    "conteúdo" de existência? Como um Universo se expandindo

    indefinidamente? Ou o fim dos Retro-Perpétuos compensaria?

    Sendo assim, a não ser que o ETERNO não se relacione como

    os demais Universos, como manter sua característica de IMUTABILIDADE?

    Além de tudo isso, observe como uma diagramação diferenciada, circular,

    do esquema parece tornar a característica do Perpétuo ainda mais desafiadora.

    Nesse caso fica claro que no Eterno, no centro, não há movimento,

    ao contrário do Perpétuo onde ocorreria um ciclo fechado de movimento,

    aparentemente com eventos repetitivos. Os Temporais e Super-Temporais

    seriam ciclos abertos. Outra forma de visualizar a questão seria:

    Colocando o Eterno num plano "externo" à dinâmica.

    Na melhor das hipóteses, essas possibilidade desafiam a

    concepção cosmodinâmica do Monoteísmo Tradicional,

    acrescentando problemas e mais problemas de racionalidade

    cuja única saída satisfatória seria aceitar os Dogmas incogniscíveis.

    Mas sendo assim, porque aceitar como dogma a possibilidade de

    existência do Perpétuo e não sua impossibilidade?

    Além disso há o problema da categorização do estado de

    ETERNIDADE. No Eterno, ou no Perpétuo, não existe

    movimento, pois não existe tempo e logo espaço. Não há

    dinâmica, mas sim uma essência, pode haver um SER, nunca

    um DEVIR, ou este não seria imutável, e logo estaria fadado a

    transformação, e invariavelmente ao fim.

    Sendo assim, como aceitar conceitos tão necessariamente

    dinâmicos como Sofrimento ou Gratificação num plano que

    sendo Perpétuo, iria invalidar tais estados de movimento?

    Seria mais fácil crer num plano de "congelamento" da existência, onde

    sequer haveria consciência do acontecimento.

    CONCLUSÃO

    Sendo assim, a idéia de uma Punição ou Premiação

    Perpétuas é inaceitável tanto Ética, Moral, Emocional ou Lógica

    e Racionalmente. É, pois, sendo empurrada na forma de Dogma,

    uma forma arbitrária de forçar um coquetel de conceitos como se

    fossem um único, quando este em si não possui qualquer sentido.

    Dessa forma, admite-se que a Teologia Monoteísta Tradicional é

    indefensável racionalmente, assumindo um caráter de irracionalidade,

    o que não necessariamente ocorre com outras possibilidade Monoteístas

    como a cíclica, ou Panteístas.

    A questão é: SE ESSE MONOTEÍSMO TRADICIONAL É

    INCOERENTE TANTO EMOCIONAL QUANTO RACIONALMENTE,

    E SE NÃO APRESENTA QUALQUER EVIDÊNCIA MATERIAL, POR QUE ACEITÁ-LO?

    Baseando-se apenas na autoridade de um Livro Sagrado?

    Que sequer conseque provar ser a Palavra de Deus. Porque

    crer numa proposição que se baseia unicamente numa obra literária

    sem acuidade racional, de cunho ético e moral discutível e claramente

    cultural, e que comete flagrantes erros na concepção do mundo físico?

    Por tudo isso considero que a adição de soluções como a

    APOCATÁSTASE e consequentemente o ANIQUILACIONISMO,

    longe de serem prejudiciais à crença, fazem é elevar em muito sua qualidade

    argumentativa, tornando-as competitivas racionalmente e emocionalmente com

    doutrinas bem mais elaboradas.

    PANTEÍSMO

    Bastante diferente é a concepção Panteísta de divindade.

    Trata-se de considerar que Deus é o próprio Universo, a Natureza,

    de modo que ele estaria em toda parte. Sendo assim, Deus seria um

    ser Físico, Dinâmico, Perpétuo ainda que sujeito a mudanças cíclicas.

    Deus seria então, IMANENTE à Natureza, intrínseco, ou seja, não Transcendente.

    Já o Panenteísmo, que também pode ser entendido como um "Panteísmo

    Transcendente", concebe-se o Universo como sendo o Corpo de Deus,

    mas tendo este um Espírito, havendo então uma dualidade, Imanência e

    Transcendência, Corpo e Alma.

    A mais significativa diferença com relação ao Monoteísmo é

    a Impessoalidade de Deus, ou seja, Deus não é um ser antropomórfico

    nem mesmo psicológicamente, mas sim uma entidade totalmente distinta dos

    humanos, cuja natureza, meios e intenções não são expressáveis como comumente

    o são nas religiões monoteístas.

    Um Deus Panteísta não tem uma intenção clara, e por isso no

    Panteísmo não ocorrem revelações.


    Por: http://www.xr.pro.br/deus.html

    TEORIA DA EVOLUÇÃO



    De onde viemos?

    A pergunta que não quer calar.
    Por:

    Marcus Valerio XR

    FREE MIND!!!
    evo@xr.pro.br

    Desde os tempos mais remotos indagamos sobre a origem dos seres vivos, incluindo nós mesmos, e durante todo esse tempo sempre tivemos nossas "respostas" na forma de fantasias, estórias fantásticas e recheadas de alegorias que foram transmitidas de geração após geração.

    Por mais de 99% de seus quase 250 mil anos na Terra, o Ser Humano foi dominado pelo pensamento mitológico e suas lendas. Depois, há cerca de 2500 anos atrás surgiu a Filosofia, e a Razão tentou buscar essa resposta abrindo caminho para algo além dos mitos e crenças.

    Mas essa Era de lucidez racional seria por 1000 anos obscurecida pelas sombras da Idade Média e seus dogmas de fé baseados na antiga mitologia judáico-cristã. No Oriente Médio, boa parte desta cultura racional sobreviveu disputando lugar com a crença na similar mitologia islâmica, e no Extremo Oriente, também desde há 25 séculos atrás, outro tipo de filosofia, mais mística, se espalhava, baseada no Hinduísmo, Taoísmo e Budismo.

    E só há pouco mais de 250 anos, outra área do potencial humano amadureceu e se consolidou, a Ciência.

    A Ciência é a fusão da Razão com a Experimentação. Do Pensamento com o Empirismo, e é tão eficiente que seus resultados práticos e materiais em menos de meio século foram muito mais marcantes do que as dezenas de milhares de anos de misticismo e magia.

    Ela pode não ter as respostas para nossas indagações interiores, e com certeza não tem a chave da felicidade, mas ninguém pode negar que ela é muito eficaz em entender, explicar e controlar a natureza.

    A Ciência também nos deu sua resposta para a grande pergunta sobre a origem da vida, e esta veio sob a forma da TEORIA DA EVOLUÇÃO.

    Não é de se admirar que essa explicação só tenha surgido há tão pouco tempo. Primeiro por que não se muda rapidamente centenas de milhares de anos de pensamento mitológico só com 2500 de Filosofia ou 250 de Ciência, e depois porque essa questão realmente não é fácil de ser respondida.

    É uma pergunta sobre algo que há muito aconteceu e que ninguém presenciou, sobre eventos e processos que se deram muito antes de qualquer tentativa de resposta mesmo mitológica. Algo que acontece na verdade há muitos milhões de anos.

    Com nosso quadro histórico, podemos considerar normal que por volta de 1600 dC, após o surgimento da imprensa, a Ciência tenha tido dificuldades para se estabelecer enfrentando toda uma estrutura de repressão religiosa que até ainda hoje não foi totalmente vencida.

    Foi nesse quadro de resistência, que um processo de elaboração de pensamento foi tomando corpo, oEVOLUCIONISMO, que tinha uma resposta diferente daquela referência que dominou toda a Idade Média, aBíblia.

    A idéia de que a Terra era o centro físico do Universo já fora derrubada, mas o impacto sobre a religião não fora tão grande pois a doutrina cristã não se apoia no Geocentrismo, ainda que ele esteja presente na Bíblia. (Para qualquer dúvida sobre se a Bíblia é ou não Geocentrista indico ESTE TEXTO)

    Mas enfrentar o Mito da Criação? Algo do qual depende boa parte de toda a Teologia Cristã e suas diretrizes de comportamento? Foi algo muito mais complicado.

    Não obstante o trabalho árduo de vários pesquisadores, cientistas e filósofos levou a uma mudança de pensamento, e o hoje a TEORIA DA EVOLUçÃO é mais do que estabelecida como a mais precisa explicação para a origem da vida.

    Mas afinal, o que é a Teoria da Evolução e o Evolucionismo?


    "EVOLUÇÃO ESPONTÂNEA"


    Apesar do que muitos pensam, o Evolucionismo não é produto de uma só pessoa, não é idéia de um ou dois cientistas. Ele é simplesmente o resultado inevitável de um processo de evolução científica.

    A Ciência lida com fatos explicáveis e controláveis, previsíveis e reproduzíveis. Só pode aceitar explicações que se baseiem em fenômenos comprovados e observáveis na natureza.

    NÃO EXISTE CRIAÇÃO!

    Nunca ninguém jamais viu algo surgir do nada, ou uma transformação tão radical quanto um organismo complexo como o humano surgir do barro. Isso não existe na natureza. Portanto a explicação religiosa criacionista é inaceitável no pensamento científico.

    Tudo o que vemos na natureza é resultado de processos progressivos, estruturas muito simples podem parecer "surgir" rapidamente, mas estruturas complexas só surgem aos poucos, construídas passo a passo por processos lentos.

    Lenta e progressivamente os seres vivos nascem e crescem, uma semente se torna uma imensa árvore e um aglomerado de células menores que a cabeça de um alfinete se tornam grandes animais.

    Deve-se entender o termo EVOLUÇÃO antes de tudo como transformação, mudança progressiva, lenta e gradual. E sendo assim a Evolução está em TUDO que existe. Desde o mundo físico até os processos sociais. Nada acontece sem ser resultado de estágios progressivos. Nem mesmo idéias surgem do nada.

    A noção de Evolução começou a tomar corpo no pensamento humano a partir do momento que se passou a observar com mais cuidado os seres vivos. O surgimento das ciências Biológicas é o próprio surgimento do Evolucionismo.

    NÃO EXISTE BIOLOGIA SEM EVOLUCIONISMO!

    A Biologia, assim como a Geologia, Antropologia Física, Paleontologia e outras, só são possíveis como ciências numa estrutura evolucionista, sem a Teoria da Evolução todas elas perdem completamente sua base.

    Mas antes de prosseguirmos, vale retroceder um pouco e observar como a observação da natureza foi feita ao longo da história humana.

    Vamos seguir um raciocínio em etapas.
    Se uma coisa existe, podemos pensar a princípio em duas possibilidades:1 - ELA SEMPRE EXISTIU
    2 - ELA PASSOU A EXISTIR

    Durante muito tempo acreditou-se que o mundo e o Universo sempre haviam existido. Muitas religiões Panteístasnão possuem cosmogêneses embora a natureza esteja em constante movimento. Também no Budismo o Universo existe sempre, e no Bhramanismo apesar de existir o surgimento e fim do Universo, o ciclo é infinito.

    Alguns filósofos gregos também eram adeptos da existência ETERNA do mundo. Aristóteles foi um deles.

    O Sábio Grego Aristóteles foi um dos homens mais brilhantes de todos os tempos. Ele fundamentou a Lógica, as Ciências Naturais, a Dialética e a Retórica. Muitos dos feitos de Aristóteles são sentidos até hoje, 2.300 anos depois. Ele também foi o primeiro pensador a se ocupar sistematicamente com os seres vivos.

    Mas Aristóteles não era divino, ela nada tinha em que se basear, por isso muitas de suas conclusões não são mais válidas. Mesmo assim foi sem dúvida o primeiro Biólogo, examinou organismos, dissecou animais e observou o comportamento de vários tipos de seres vivos. Ela declarava que havia algo de maravilhoso em todas as formas vivas, das quais não devíamos ter um nojo infantil.

    Mas por que hoje não aceitamos mais que as coisas sempre tenham existido?

    Em parte pela religião. Os mitos Politeístas e Monoteístas sempre possuem uma origem das coisas, do Universo e dos seres vivos. São os Deuses ou um Deus que criam o mundo e o Ser Humano. Com o domínio dessas crenças e em especial do Cristianismo, a idéia de uma existência eterna foi abandonada, pois havia um relato de criação.

    Mas a existência Eterna também não satisfaz a observação cuidadosa da realidade. Se prestarmos atenção, principalmente com os métodos que dispomos agora, veremos que tudo está em constante transformação. Nem montanhas são eternas, algumas coisas novas surgem, outras deixam de existir.

    ETERNO é o que está fora do tempo! Que sempre existiu e sempre existirá, que não tem fim nem teve começo. Apesar de nossa experiência comum e diária nem sempre poder invalidar isso, a mente humana não consegue lidar bem com a idéia da Eternidade. Isso vai contra nossa vivência e intuição.

    Nesse sentido as Cosmogêneses foram um avanço no pensamento humano, pois substituíram o Mito da Eternidade pela idéia da Existência Temporal.

    Então se admitimos que uma coisa passou a existir, podemos pensar em dois pares de possibilidades:
    1 - ELA SURGIU DO NADA
    2 - ELA SURGIU DE ALGUMA OUTRA COISA
    1 - ELA SURGIU REPENTINAMENTE
    2 - ELA SURGIU PROGRESSIVAMENTE
    Em qualquer época a experiência humana pode constatar que "nada surge do NADA". Não se vêem coisas se materializando no Ar, o que mesmo assim não significaria que estariam vindo do Nada. Estamos acostumados a ver coisas surgindo de outras.

    Mas então temos uma problemática questão. Se Tudo vem de alguma coisa, de onde veio a Coisa Primeira?

    Se sabemos que uma Girafa nasce sempre de outra Girafa, de onde veio a Primeira Girafa?

    Durante muito tempo acreditou-se na Geração Espontânea, suposta também por Aristóteles. Sabia-se que os animais se reproduziam, mas como explicar os primeiros destes animais? Simples, eles viriam de outras coisas.

    Então pensava-se que num corpo em apodrecimento, surgiam moscas, nas areias de um pântano surgiam sapos e mesmo que em pelos de animais surgiam cobras. Isso explicava então como surgiram os primeiros exemplares de cada animal.

    Nesse sentido a Teologia Cristã já era mais avançada, pois no primeiro Capítulo da Gênese Bíblica declara-se que cada espécie "reproduz-se conforme sua espécie". Mas sendo assim, como teriam surgido as primeiras espécies? Do NADA!

    Porém essa surgimento do NADA só teria ocorrido num determinado momento do passado, na CRIAÇÃO, mediante o indiscutível poder de DEUS. E nunca mais. Então resolvia-se a questão das origens sem a necessidade de Geração Espontânea, ainda que esta não tenha sido esquecida.

    A Teologia Bíblica é incompatível com a Geração Espontânea e a Igreja só não perseguiu os adeptos desta idéia com mais rigor por que ela não era muito preocupante apesar de estar arraigada no imaginário popular. Porém a Igreja apoiou todas as experiências que visavam desacreditar a Geração Espontânea.

    Por isso inclusive o Criacionismo foi tão satisfatório durante mais de mil anos, ele explicava o mundo apelando para um mistério que pelo menos na época não tinha motivos para ser contestado.

    Porém há um problema nessa idéia que a princípio passa desapercebido.

    Se cada espécie reproduz-se segundo a sua espécie, por que elas não são exatamente iguais? Por que as vezes nascem animais diferentes de seus pais? Por que de um boi e de uma vaca malhados, as vezes nascem bezerros escuros ou mesmo brancos e listrados?

    Na Bíblia, no Capítulo 30 da Gênese nos versículos de 32-43, fica clara a idéia de que tais características podem ser determinadas pela influência direta do ambiente, como colocar um rebanho perante um cenário listrado e sua prole nascer listrada.

    Esse é só um exemplo de como a Bíblia e a Teologia Cristã normalmente não tem uma resposta para explicar por que em geral os descendentes não são idênticos aos genitores.

    Mas esse não é o único problema, há também a questão do mito do Dilúvio Universal, que inviabiliza qualquer possibilidade de explicação razoável para o fato de haver tantas espécies diferentes espalhadas por todo o mundo. Esse problema pode ser visto neste TEXTO.

    Somando-se isso ao crescente descrédito da Teologia Cristã e da Bíblia sobre assuntos científicos e históricos, cada vez mais evidenciados pelos avanços da ciência, pouco a pouco os cientistas ficavam menos satisfeitos com as explicações tradicionais.

    Num ponto de vista que só aceita como válido fenômenos comuns na natureza, só resta considerar que:

    UMA COISA SÓ SURGE DE ALGUMA OUTRA COISA, E PROGRESSIVAMENTE

    Então, se sabemos que toda girafa nasce de outra girafa, mas que girafas não existiram sempre, de onde surgiu a primeira girafa?

    De uma outra coisa, mas não radicalmente diferente, e sim muito parecida com uma girafa, ou seja, um outro animal parecido com a atual girafa, assim como antes deste tipo de animal havia um outro, e outro, o que mostra uma gradação progressiva.

    Mas como isso poderia ter ocorrido? São muito raros os casos onde um ser vivo nasce significativamente diferente de sua própria espécie. De onde tiveram a idéia de que isso fosse possível?

    Em parte através de raciocínios simples como esse, mas essa iminente desconfiança Evolucionista se deu principalmente após a idéia de se catalogar os seres vivos e categorizá-los em classes.


    TAXONOMIA


    Toda Ciência necessita de organização e método, e portanto deve classificar bem seus objetos de estudo. O próprio Aristóteles já fizera isso há 2.300 anos, embora em um campo de amostras muito limitado, se resumindo às espécies disponíveis nas próximidades da antiga Grécia. Já no século XIX, o mundo tinha sido quase totalmente explorado, todos os continentes eram conhecidos. A humanidade já tinha contato com as exóticas faunas e floras das Américas, África e Oceania, bastante diferentes das do velho mundo.

    Os primeiros naturalistas passaram então a catalogar os seres vivos, num processo de classificação organizada que chamamos de TAXONOMIA.

    Sabemos que classificar as coisas pode ser trabalhoso, podemos organizar uma livraria separando os livros por assunto, por ordem alfabética, por autor e etc. Um livro sobre Maomé pode ser colocado em História, Religião, Oriente Médio ou Grandes Personalidades. Se formos classificar os veículos, podemos agrupá-los em terrestres, aquáticos e aéreos. Então subagrupar os terrestres pelo número de rodas, pelo tamanho, pela aplicação, data de fabricação e etc.

    Enfim há várias formas distintas de se organizar as coisas, e é difícil saber, quando não impossível, qual a forma mais apropriada.

    Ao classificar os seres vivos, os naturalistas não demoraram a perceber algo curioso, todas as formas de classificação pareciam convergir para uma mesma tendência, que permitia agrupar as espécies numa árvore de seções e subseções que obedecia uma progressão notável.

    Vejamos um exemplo simples, tentemos classificar apenas 9 animais: Aranha, Barata, Cobra, Gorila, Minhoca, Morcego, Peixe, Pombo, e Tigre.

    Alguém poderia colocar a Cobra junto com a Minhoca, mas se observarmos de perto ela tem muito mais em comum com o Peixe, devido a um esqueleto, olhos, dentes, escamas e etc. Por isso os naturalistas agrupam seres com o maior número de características em comum.

    Se dividíssemos nossos 9 animais em 3 grupos, parece ser óbvio que Aranha e Barata estariam no mesmo grupo, assim como Tigre e Gorila. Morcego e Pombo poderiam estar em outro grupo enquanto Peixe e Cobra em outro. A minhoca poderia ser colocada junto com a Aranha e a Barata, ou o Peixe e a Cobra.

    Mas é claro que existem milhares de espécies, que nos permitem agrupamentos muito mais refinados, de modo que encontraremos um lugar bem mais apropriado para a Minhoca. Com isso acabamos por chegar a atual classificação de seres vivos que devemos admitir, e difícil de ser alterada.

    Um Morcego tem muito em comum com o Pombo, por voar e ter sangue quente por exemplo, mas tem ainda mais em comum com o Rato: Pêlos, dentes, não põem ovos, tem membros bem mais parecidos e etc. Uma Minhoca tem mais em comum com uma Lagarta do que uma Cobra, que por sua vez tem mais em comum com uma Tartaruga.

    São cuidados como esse que fazem com que a Aranha não esteja no grupo dos Polvos mas no dos Artrópodos, junto com a Barata, por ter exoesqueleto, e sub grupo dos Aracnídeos, junto com o Ácaro, por ter 8 pernas e uma cabeça/toráx, diferente das 6 pernas do subgrupo dos Insetos, que possuem cabeça separada do tórax, além de antenas, inexistentes nos Aracnídeos. Os Polvos por sua vez, mesmo tendo 8 membros como as Aranhas, são classificados como Moluscos, por não terem qualquer tipo de esqueleto, sobrevivendo apenas em meios densos como a água, tal qual a Lula e o Calamar.


    A ÁRVORE DA VIDA


    Por fim, o que os naturalistas perceberam é que os seres vivos, diferentes de instrumentos musicais, livros ou máquinas, possuem um modo de ser classificados que é muito mais claro e adequado que outros modos, eles obedecem a uma seção de agrupamentos muito evidente, que os separa em diversos grupos razoavelmente isolados, porém sutilmente interligados por alguns animais que parecem fazer uma conexão entre os grupos.

    Logo organizaram as formas de vida num esquema ÁRVORE, muito usado para outras coisas a serem classificadas, mas que sempre sugere ramos e troncos comuns, tal como invenções derivadas de outras, ou estilos musicais que se desmembram de outros, porém com uma Peculiaridade ÚNICA!

    Os ramos da Árvore dos seres vivos simplesmente não se cruzam! Diferente de estilos musicais e idiomas que se misturam, ou máquinas que mesmo após várias gerações de aperfeiçoamentos podem ser fundidas numa só, como um telefone com visor, ou um carro anfíbio.

    Mas os Seres Vivos uma vez separados em ramos taxonômicos, esses ramos não mais se interceptam, e por isso só a Mitologia pode imaginar Cavalos com Asas de Pássaros, Homens com Corpo de Cavalos ou Mulheres com Cauda de Peixe, assim como só a intervenção humana, por meio da engenharia genética, poderia produzir um Rato com uma Orelha Humana.

    Uma vez na árvore, ficou difícil não perceber uma progressão, ficava evidente uma série de troncos comuns que surgiam de um tronco único, o que sugeria ancestrais em comun que iam dando origem a descendentes, tal como uma árvore genealógica humana.

    Porém se traçarmos nossa árvore genealógica, veremos que ela se cruza com outras árvores, se misturando, o que não acontece com as espécies animais. Aliás a definição de espécie é justamente essa, de uma forma simplificada: "Um grupo de seres vivos que pode cruzar entre si". Por isso uma Onça Preta e uma Onça Pintada são espécies distintas, apesar de serem bem mais parecidas entre si do que um Puddle e um Dogue Alemão, que são raças diferentes de uma mesma espécie.

    Apesar de tudo isso havia alguns problemas com essa idéia de seres vivos surgindo progressivamente de ancestrais comuns. Primeiro a ausência de algumas espécies que deveriam ser intermediárias entre outras, que foram chamadas de Elos Perdidos, segundo, a falta de conhecimento de um mecanismo convincente para explicar como ocorreria essa transformação.


    Jean-Baptiste Lamarck


    A primeira explicação razoável que foi proposta para explicar essa Evolução é conhecida comoLAMARCKISMO

    Lamarck foi um dos primeiros biólogos contemporâneos, além de ter sido seminarista e militar. A partir de 1801 ele passou a publicar vários livros na qual combatia o FIXISMO, doutrina na qual as espécies de seres vivos são imutáveis, e o CATASTROFISMO, que afirmava que grandes e sucessivas catastrofes, o que incluia o dilúvio de Noé, eram responsáveis por várias das características ambientais assim como do desaparecimento de diversas espécies.

    Sendo o primeiro grande Evolucionista da história, ele teve a árdua tarefa de promover uma explicação para como ocorrem as mudanças de espécies, desafiando a crença tradicional.

    Naquela época a Geração Espontânea não era mais aceita por qualquer letrado, o italiano Francesco Redi, e o francês Loius Pasteur ajudaram a derrubar por completo a crença nessa hipótese. Muitos já esboçavam pensamentos evolucionistas misturados com hipóteses catastrofistas e mesmo criações divinas sucessivas pequenas e locais, ao quais Lamarck rejeitava, propondo basicamente duas afirmações:

    1 - A influência do Ambiente produz mudanças físicas no indivíduo de uma espécie.
    2 - Esse indivíduo transmite as modificações para seus descendentes, que nascem adaptados.

    Voltando ao exemplo da Girafa, segundo Lamarck, um grupo de animais teria se instalado num ambiente onde as melhores opções de alimento estavam no alto das árvores. O hábito fazia com que os animais cada vez mais esticassem o pescoço para alcançar as folhas mais altas. Com o tempo, o pescoço tenderia a se alongar ainda que imperceptivelmente, e os descendentes desses animais já nasceriam com pescoços ligeiramente mais longos, e assim por diante, geração após geração, até que houvesse uma estabilidade, resultando no animal que conhecemos como Girafa.

    Para Lamarck, o uso repetido do orgão causaria um desenvolvimento, e seu desuso naturalmente uma atrofia, o que explicava o desaparecimento dos órgãos que não mais tinham utilidade para a nova espécie.

    Essa teoria logo se popularizou, despertando severas reações de uma sociedade Criacionista. Em especial de um naturalista protestante fortemente adepto do fixismo catastrofista e apologista bíblico, Georges Leopold Cuvier, autor respeitado de um denso e valioso trabalho que inclui principalmente anatomia.

    A firmeza de Lamarck perante a ira dos conservadores resultaria futuramente em seu obscurecimento, e acabaria morrendo na miséria, em 1829. Mas sua teoria só viria a ser parcialmente derrubada décadas mais tarde em especial pelos experimentos de August Weismann, que cortando caudas de várias gerações de ratos de laboratório, concluiu que nem por isso os descendentes nasciam sem caudas.

    A teoria de Lamarck era perfeitamente racional, mas para a Ciência a Razão não basta, pois como já vimos ela caminha com as pernas do Racionalismo e do Empirismo, é preciso o apoio dos fatos empíricos os quais nunca confirmaram a segunda proposição da teoria Lamarckista.

    Porém o primeiro postulado de Lamarck, de que o ambiente influencia as espécies, se manteve, servindo de apoio à nova teoria que viria a surgir.

    É curioso que hoje em dia, após mais de um século e meio de descobertas, a teoria de Lamarck ainda esteja fortemente viva na memória popular, pois a maioria das pessoas que pensam saber algo sobre Evolução ainda raciocina em termos Lamarckistas!


    DARWIN


    CHARLES ROBERT DARWIN não só não foi o primeiro evolucionista como muitos pensam, como sequer foi o primeiro Darwin evolucionista. Seu avô ERASMUS DARWIN, médico e filósofo, já havia publicado em 1795 uma obra onde apresentava idéias evolucionistas precursoras de Lamarck. "Mal de família", diriam os Criacionistas.

    Charles Darwin nasceu em 1809 e desde cedo se interessou por história natural. Cursou sem concluir teologia e medicina, mas preferiu se ocupar de botânica, zoologia e geologia. Recebeu várias influências, entre elas do botânico John Stevens Henslow e do geólogo Adam Sedgwick.

    Naquela época a Geologia também já estava em pleno desenvolvimento, através de obras como a de Charles Lyell que apesar de ainda acreditar na imutabilidade das espécies, já propunha uma Terra em graduais e lentas mudanças muito mais antiga do que o mundo de pouco mais de 6000 anos, baseado na simples contagem de gerações de lendários personagens bíblicos, que ficava cada vez mais insustentável.

    Após se formar em Humanidades, em 1831, Darwin partiu a bordo do Beagle, ao lado de outros personagens incluindo o lendário cientista e aventureiro Richard Francis Burton, na condição de naturalista, para uma viagem de 5 anos que tinha como missão o reconhecimento de diversas partes do mundo, incluindo as famosas ilhas Galápagos, o Brasil, Cabo Verde e Oceania. Coletando inúmeras informações e examinando diretamente vastas condições ambientais e espécies diferenciadas, Darwin começou a perceber que a Estabilidade das Espécies, o paradigma predominante da época, não explicava bem uma série de fatos que constatou.

    Após tomar contato com as idéias de Lamarck e posteriormente as de Thomas Malthus, sobre a dinâmica de crescimento populacional, Darwin finalmente concebeu o mecanismo evolutivo que seria a essência de toda a sua teoria. A Seleção Natural.

    Mas darwin também não foi o único a propor tal mecanismo, na verdade esta idéia tem como co-autor Alfred Russel Wallace, que poderia hoje ser o alvo do ódio dos criacionistas caso Darwin não tivesse entrado em cena. Wallace também fizera uma viagem ao redor do mundo, tendo estado inclusive na Amazônia, e lera os mesmos livros que Darwin. Ambos foram reconhecidos como autores da Teoria, porém o livro de Darwin, A Origem das Espécies, foi muito mais impactante, e ele acabou levando a maior parte da fama, assim como sofrendo a maior parte da repressão do pensamento criacionista dominante.

    Wallace e vários outros estudiosos, incluindo Lyell, o botânico Joseph Hooker, o entomologista Henry Walter Bates, o naturalista Fritz Müller e o morfologista Thomas Henry Huxley, se tornaram grandes admiradores e contribuidores de Darwin e se uniram na disseminação de suas idéias. Este último inclusive ficou conhecido como o "buldogue de Darwin", por defender ardorosamente as idéias de seu amigo em debates aos quais, Darwin, de temperamento tímido e discreto, não era muito dado.

    Portanto, a Teoria da Evolução pela Seleção Natural, apesar de ser chamada de Darwinismo, é o resultado de um processo lento de evolução científica através de vários autores, e mesmo que Darwin nunca tivesse existido, cedo ou tarde ela surgiria no meio científico, mesmo porque a simples estruturação da Biologia torna inevitável a constatação do fenômemo evolutivo, que requer uma explicação.


    A LEI DA SELVA

    A ORIGEM DAS ESPÉCIES
    por meio da
    Seleção Natural
    ou
    A Luta pela Existência na Natureza


    A mais famosa obra de Darwin é até hoje considerada como a publicação mais revolucionária de todos os tempos. Seu impacto na sociedade foi avassalador e até hoje inúmeros religiosos não se conformam com o fato da interpretação literal da Gênese Bíblica ter sido aniquilada. Muito apologistas bíblicos a consideram como: "O mais duro golpe contra a Palavra de Deus".

    Darwin concordava com os princípios elaborados por Lamarck, mas percebeu serem eles insuficientes para explicar a variadade de espécies existentes e suas condições de vida.

    Voltemos ao exemplo da Girafa. Segundo Darwin, não foi a ação prolongada em esticar o pescoço para colher as folhas mais altas, que fez com que certos animais se tornassem girafas. Imaginemos que alguns tipos de animais foram habitar determinada região onde as melhores opções de alimentos eram as folhas altas. Destes animais, alguns tinham pescoço um pouco maior, e colhiam as folhas com mais facilitade, e outros um pescoço um pouco menor, tendo mais dificuldade em se alimentar. Assim, com o tempo, os animais de pescoço comprido foram favorecidos pelo ambiente, isto é, foram selecionados naturalmente, e os animais de pescoço menor acabaram por ser extintos, ou se mudaram para outro local com condições que lhes fossem mais favoráveis.

    A isso damos o nome de SELEÇÃO NATURAL. Um Lei que determina que só os mais adaptados ao ambiente poderão sobreviver, se reproduzir e assim transmitir suas características adaptativas ao seus descendentes. Portanto, os descendentes não tem o pescoço maior apenas porque o pescoço de seus pais se desenvolveu, mas sim por que seus pescoços já eram avantajados, e por isso eles sobreviveram e se reproduziram.

    Já havia então variações no comprimento do pescoço daqueles animais "pré-girafas", que ocorrem normalmente em qualquer espécie, pois os indivíduos nunca são iguais, mas sim possuem pequenas diferenças entre si. Após um período muito grande de tempo, dezenas ou centenas de gerações, a Seleção Natural, baseada nas exigências do ambiente, vai direcionando as variações num certo sentido.

    Outra forma de imaginar isso é pensarmos sobre a crença comum de que adolescentes que pratiquem Basquete ou Vôlei fiquem mais altos que a média, o que é uma ilusão. Ao notar que jovens jogadores de um destes esportes são altos, muitos pensam que foi a prática que os tornou maiores, mas na verdade o tamanho, ainda que seja influenciado pela alimentação e outros fatores, é muito mais determinado geneticamente.

    Dessa forma não foi a atividade que tornou os jovens mais altos, mas sim o fato de que aqueles que não cresceram o suficiente não continuarem a praticar o esporte, se retiraram ou foram cortados pelos treinadores, num processo semelhante à Seleção Natural.

    É diferente por exemplo dos que pratiquem musculação, que de fato ficam mais fortes, porém esse desenvolvimento muscular não é transmitido para os descendentes, ao passo que a altura avantajada sim.

    Já no mundo selvagem a Seleção Natural é ainda mais determinante, pois trata-se da luta pela sobrevivência, os mais adaptados, os mais fortes, prosperam. É a Lei da Selva. O número de descendentes gerados é sempre maior que o número dos que conseguem chegar a idade adulta e se reproduzir, por isso apenas os portadores de certas qualidades, que lhes dêem vantagem no ambiente em que vivem, trasmitem as mesmas, que nas gerações seguintes já apresentarão outros tipos de variações e que serão novamente selecionadas.

    É evidente que para que esse processo produza espécies muito diferentes será necessário um período de tempo muito extenso, por isso Darwin só se convenceu plenamente de sua própria Teoria quando finalmente novas pesquisas geológicas forneceram uma idade de bilhões de anos para a Terra.

    Apesar de sua teoria conseguir explicar com muita eficiência uma série de fenômenos populacionais, Darwin ainda acreditava na transmissão dos caracteres adquiridos ao longo da vida para as próximas gerações, e também não conhecia ainda o trabalho de outro ilustre pesquisador que viria posteriormente a acrescentar um dos últimos ingredientes para que a Teoria da Evolução se tornasse definitivamente irrebatível.


    VARIABILIDADE GENÉTICA


    Uma vez que percebemos claramente que os indivíduos de uma mesma espécie não são idênticos entre si, podemos distinguir duas diferenciações principais. As Adquiridas e as Herdadas.

    As que são adquiridas ao longo da vida são evidentes, porém as Herdadas nem sempre obedecem às nossas expectativas, e só passaram a ser melhor compreendidas graças ao trabalho pioneiro de um monge austríaco chamado Gregor Mendel.

    Mendel nasceu em 1822 e faleceu em 1884, 16 anos antes de suas pesquisas serem reconhecidas. Formado em Ciências Naturais, realizando nos jardins de um convento durante 10 anos, cruzamentos com exemplares amarelos e verdes de ervilhas por várias gerações, ele descobriu as Leis da Hereditariedade, também conhecidas como Leis de Mendel, que explicavam porque uma característica pode aparecer em um indivíduo mesmo que seus "pais" não a apresentem, embora tenham sido apresentada em gerações anteriores.

    Com a confirmação de suas experiências, reproduzidas e publicadas em 1900 por Erich Tschermak e Hugo de Vries o mundo descobriu as regras da antes inexplicável descontinuidade de características herdadas através de gerações, combinando os caracteres Dominantes e Recessivos, hoje chamados de Genes.

    Foi De Vries que por sua vez propôs também o fenômeno da MUTAÇÃO, que é uma característica não adquirida, mas também não herdada, constituindo uma anomalia ocorrida no processo de reprodução. Darwin também considerava hipótese semelhante, mas não lhe dava muita atenção por saber que a Seleção Natural eliminaria qualquer Mutação que na grande maioria das vezes traz desvantagens ao indivíduo, dificultando sua sobrevivência e perpetuação.

    Com isso, ficava clara a origem das variações nas características de indivíduos de uma mesma espécie, aVariação Genética fornece a Matéria Prima sobre a qual trabalha a Seleção Natural, e ao contrário do que muitos pensam, essa Variação comum, também chamada de Deriva Genética domina a quase totalidade da diversificação de características que irão determinar as vantagens no ambiente, e não as Mutações, que geralmente não são aproveitáveis, sendo eliminadas pela Seleção Natural, embora teoricamente possam também, em raros casos, trazer vantagens.


    O NEODARWINISMO


    Pouco após a morte de Darwin, diversos outros cientistas trabalharam para aperfeiçoar sua teoria, incorporando as descobertas sobre a Variabilidade Genética e eliminando definitivamente o segundo postulado de Lamarck, que pregava a transmissão das características adquiridas, devido a absoluta falta de evidências que a suportassem.

    Apenas o material genético é transmitido, com todas as suas variações e ocasionais mutações, fornecendo toda a diversificação necessária para a ação da Seleção Natural. Surgiu então a Teoria de Evolução que permanece praticamente inalterada por mais de um século, que chamamos de NEODARWINISMO, ou mais simplificadamente apenas Darwinismo, ainda que diferente da Teoria proposta por Charles Darwin.

    Incorporando as leis da génetica de Mendell e a idéia das mutações, a teoria evolutiva contemporânea estabelece que a Varibilidade Genética é causada pela Recombinação Gênica, que é a variação natural ocorrida com o cruzamento das informações genéticas dos genitores do indivíduo, 50% do pai e 50% da mãe, e que nunca ocorrem da mesma forma em descendentes diferentes, e em menor grau também devido as Mutações.

    Na maioria das vezes as mutações são insignificantes, quando dizemos que um idivíduo é mutante, é porque sua mutação é suficientemente grande para resultar em alguma diferença. Como a maioria das espécies já está adaptada ao seu ambiente, a maioria das mutações significativas acabam por ser desvantajosas, e são eliminadas pela Seleção Natural.

    Porém muitas mutações costumam ter caráter recessivo, permanecendo ocultas dado aos cruzamentos comuns ocorrerem de modo a acobertá-las. Entretanto se há alguma mudança drástica no ambiente, a Seleção Natural irá priorizar outros tipos de características nos indivíduos, e nesse momento muitas mutações recessivas podem terminar por se manifestar, assim como a ocorrência das mesmas pode aumentar, ampliando ainda mais o leque de variações sobre o qual a Seleção Natural pode trabalhar.


    A EVIDÊNCIA FÓSSIL


    Já desde antes de Darwin registros fósseis vinham sendo descobertos, e na verdade, devem ter sido achados em longo de toda a história, porém a falta de um viés científico em geral levava a serem desprezados. Na China Antiga por exemplo, muitos achavam que fósseis de dinossaros eram evidentemente esqueletos de dragões, que são animais sagrados para os chineses.

    Mais uma vez foi o desenvolvimento do naturalismo que resultou numa maior atenção aos registros fósseis, e os primeiros evolucionistas não logo perceberam estes como mais indícios da evolução.

    Assim que a Teoria da Evolução darwiniana se popularizou, foi gerada uma grande expectativa com a futura descoberta de "novos" fósseis, que não demorou a ser satisfeita. Em cerca de um século e meio, foram achados e catalogados tantos fósseis que se tornou impossível negar a existência dos dinossauros e outras forma de animais extintos.

    Para evidenciar a evolução porém, os fósseis tiveram que ser analisados e encaixados numa provável linha evolutiva histórica. A datação da idade dos fósseis, realizada por diversos parâmetros, ajudou a classficá-los de acordo com sua época, e pouco a pouco a história natural das espécies foi sendo desvendada, confirmando e esclarecendo cada vez mais o processo evolutivo.

    A Paleontologia é o ramo da ciência encarregao de pesquisar os fósseis, e hoje em dia acumulou um conhecimento sobre a história natural dos seres vivos que os primeiros evolucionistas jamais sonharam.

    A evidência fóssil então se tornou uma das maiores evidências em favor da evolução.


    A DESCOBERTA DO DNA


    Na década de 50 do século XX, diversos cientistas estavam em busca de esclarecer o meio sobre o qual o material genético se transmitia. Conhecia-se o conceito, mas não exatamente qual era o mecanismo. O Neodarwinismo já previa que tal estrutura de replicação deveria ser achada, e trabalhando sobre essa premissa, os famosos cientistas James D. Watson e Francis H.C. Crick formularam o modelo molecular do ADN (Ácido Desoxirribonucléico), ou DNA em Inglês, que permanece até hoje.

    Não foi um trabalho isolado. Caso Watson e Crick não tivessem sido bem sucedidos, inevitavelmente outros cientistas teriam. Desde então nossos conhecimentos sobre os meios de transmissão de caracteres genéticos aumentaram imensamente, surgindo as terapias genéticas, a identificação por DNA que inclui os testes de paternidade, a prevenção de doenças hereditárias e a comparação genético das espécies.

    Todos os seres vivos contém um código genético baseado na estrutura do DNA, que é fundamentalmente a mesma desde as bactérias até o Ser Humano, constituindo forte evidência de parentesco evolutivo, que não seria necessária caso os seres vivos tivessem sido criados isoladamente.

    Com a leitura do DNA, pode-se constatar e media a distância evolutiva que separa as diferentes classes de seres vivos. Pôde-se confirmar que os animais mais distantes geograficamente tem estruturas genéticas mais diferentes. O rastreamento genético viria a confirmar e reforçar a explicação evolucionista para a distribuição das espécies no mundo.

    Com a leitura de DNA residual, que já permite a identificação até mesmo em materiais "mortos", é possível analisar os elos de parentesco entre as espécies vivas e as atuais, técnica que vem sendo refinada a cada dia. E no futuro, como um dos resultados do Projeto GENOMA que mapeou totalmente o código genético humano, será possível afirmar com precisão onde e quando se encaixam cada evidência fóssil na linha evolutiva.


    O EQUILÍBRIO PONTUADO


    As variações ambientais podem ser causadas por vários fatores, terremotos, mudanças climáticas, surgimento de vulcões, espécies que se reproduzem demais e eliminam outras, ou espécies que se extinguem e prejudicam a cadeia alimentar. Ao longo da história geológica da Terra muitas mudanças drásticas ocorreram, como impactos devastadores de meteoros e glaciações.

    É exatamente nestas condições que as grandes transformações ocorrem nas espécies, pois a Seleção Natural muda as regras e se torna mais rigorosa, e qualquer pequena particularidade pode fazer toda a diferença. Nestas situações também as mutações ocorrem com maior frequência.

    O processo evolutivo portanto não é linear, mas sim irregular, com períodos de maior ou menor desenvolvimento. O dimensão da diferença entre estes períodos porém está em ampla discussão no meio científico atual.

    Os Gradualistas, apesar de admitirem a irregularidade do processo evolutivo, preferem entender a evolução como um processo mais estável, ao passo que os Pontuacionistas, baseados na hipótese do Equilíbrio Pontuadodo grande cientista evolucionista Stephen J. Gould, enfatizam uma maior instabilidade na história evolutiva, com grandes períodos de estagnação e breves períodos de aceleração evolutiva.

    O Equilíbrio Pontuado propõe que as espécies permanecem estáveis por vastos períodos de tempo até que repentinamente as condições ambientais mudem. Neste momento, a Seleção Natural passa a beneficiar outros fatores que antes seriam inócuos ou desvantajosos, forçando a evolução. Como esses períodos de mudança são breves, logo a espécie se estabiliza novamente, para um novo período de nova estagnação.

    Essa hipótese porém não é exatamente uma novidade, mas apenas um ênfase em aspectos já previstos desde Darwin, uma vez que é óbvio que uma espécie bem adaptada ao seu ambiente dificilmente evolui, pois qualquer mudança significativa num indivíduo dificilmente resultaria em vantagens, e seria eliminada pela Seleção Natural.

    Um crítico dessa hipótese Richard Dawkins, que cosuma ver o Pontuacionismo como uma mera "nota de rodapé" ao Neodarwinismo. Dawkins, um dos maiores defensores contemporâneos do Evolucionismo, também contribuiu para a ciência mediante a ênfase da Seleção Natural a nível Genético, sugerindo que a Evolução seria como se, de um certo modo, ocorresse uma luta dos próprio Genes para se perpetuar, utilizando os organismo como veículos. Dawkins é também o formulador da hipótese da Memética, que numa analogia à sua proposta da Evolução com ênfase genética, sugere que as informações na forma de estruturas fundamentais chamadasMemes, também se comportariam de forma similar aos genes, lutando para se perpetuar da melhor forma possível, o que abre a possibilidade de estender a Teoria da Evolução até mesmo para a dinâmica cultural e teorias da informação.