Os alimentos geneticamente modificados estão chegando à mesa dos consumidores. Saiba o que é um alimento geneticamente modificado, como surgiram esses alimentos, também chamados de alimentos transgênicos, e quais riscos podem trazer ao consumidor
O que são alimentos transgênicos?
Os alimentos transgênicos são aqueles cujas sementes foram alteradas com o DNA (material genético localizado no interior das células) de outro ser vivo (como uma bactéria ou fungo) para funcionarem como inseticidas naturais ou resistirem a um determinado tipo de herbicida. Surgiram no início dos anos 80, quando cientistas conseguiram transferir genes específicos de um ser vivo para outro.
A comercialização de transgênicos ainda é polêmica. Empresas, produtores e cientistas que defendem a nova tecnologia dizem que ela vai aumentar a produtividade e baratear o preço do produto, além de permitir a redução dos agrotóxicos utilizados. Os que a atacam, como os ambientalistas e outra parcela de pesquisadores afirmam que o produto é perigoso: ainda não se conhece nem os seus efeitos sobre a saúde humana nem o impacto que pode causar ao meio ambiente.
Apesar de proibida a produção destes alimentos no Brasil, nada garante que o consumidor já não esteja comendo produtos transgênicos sem saber. Eles podem estar chegando a partir da importação de alimentos e matérias-primas de países como a Argentina e os Estados Unidos, que já cultivam e comercializam os transgênicos há alguns anos.
Quem Vai Querer Alimento Transgênico?
Os alimentos geneticamente modificados estão chegando à mesa dos consumidores sem que estes saibam bem o que são e que efeitos nocivos podem ter. No Brasil, embora o plantio ainda esteja proibido, culturas clandestinas de soja transgênica começam a aparecer no Sul do Pais.
É bom que os consumidores se acostumem com a expressão alimento transgênico, porque ela será cada vez mais falada e escrita. Parece até nome de uma coisa perigosa, e de fato ninguém tem certeza se será ou não – nem os técnicos e cientistas que, nos laboratórios das grandes empresas ligadas à área de alimentos, utilizam a engenharia genética para modificar plantas e até animais, a fim de torná-los mais produtivos, ou mais resistentes a inseticidas e herbicidas, ou mais duráveis. E, mesmo que não se saiba muito bem onde tudo isso vai dar, esses produtos já estão sendo introduzidos na dieta dos consumidores – os supostos beneficiários finais ou possíveis vítimas – sem que estes saibam exatamente o que vão levar para a mesa.
No Brasil, quais as indústrias que estão dispostas a utilizar ou a não utilizar os alimentos transgênicos na composição de seus produtos? É o que o IDEC está querendo saber para poder informar aos seus associados e aos consumidores em geral. Para isso, acaba de enviar uma notificação a todas as indústrias, solicitando que se manifestem a respeito. Este é o primeiro resultado da campanha nacional sobre qualidade da alimentação, lançada pelo Fórum Nacional de Entidades Civis de Defesa do Consumidor, reunido em São Paulo em junho, com representantes de cerca de 40 organizações de todo o país.
Em sua notificação, o IDEC argumenta que organismos geneticamente modificados (que começam a ser conhecidos pela sigla OMG) estão sendo introduzidos ilegalmente no Brasil, como acontece no Rio Grande do Sul com a soja RRS da multinacional Monsanto, na qual a engenharia genética conseguiu o "prodígio" de torná-la resistente a um herbicida fabricado pela própria Monsanto. Quer dizer, em plantações originadas das sementes dessa soja, os agricultores vão poder usar à vontade o tal herbicida que nada acontecerá aos pés de soja. Poderá acontecer depois com os consumidores, graças aos resíduos do veneno que ficarão no alimento.
O IDEC informa que essas sementes de soja e também do milho BT, geneticamente modificado pela Novartis, outra gigante do ramo, já estão sendo testadas aqui e as duas empresas já solicitaram autorização para o seu plantio em escala comercial, assim que finalizarem os experimentos.
O documento do IDEC solicita informações às indústrias para saber se estão dispostas a utilizar ingredientes geneticamente modificados, quais os produtos que recebem soja em sua composição e quais as medidas que a empresa adotará caso o Brasil importe soja transgênica dos EUA ou da Argentina.
O extermínio do futuro
O problema dos alimentos transgênicos foi um dos mais importantes temas debatidos durante o IV Enedec, o encontro das entidades de defesa do consumidor realizado em São Paulo em junho e que criou um Fórum Nacional.
Consumi-los ou não consumi-los foi a questão levantada em palestra pelo professor Sebastião Pinheiro, da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ele criticou aspecto da "nova ordem internacional e a globalização", que estimulam a biotecnologia nos campos de cultivo sob a argumentação falsa e oportunista de que "é melhor correr o risco de contaminar-se e adoecer do que morrer de fome".
Mas os riscos, na sua opinião, são enormes e se mantêm em sigilo. Pinheiro desfilou uma série de denúncias sobre o que os laboratórios das grandes transnacionais estão produzindo, sem que se possa ter certeza do que pode acontecer no futuro. Levantou a questão da soja da Monsanto e do milho da Novartis, citados na notificação enviada pelo IDEC às indústrias de alimentos, e apresentou, entre muitos casos para mostrar como é irresponsável a introdução dessa e de outras tecnologias, sem que se tenha absoluta segurança do que poderá ocorrer, as seguintes experiências de resultados calamitosos:
- Em El Salvador, na América Central, mais de 35 mil agricultores foram literalmente castrados por causa dos efeitos sobre eles de um fumigante utilizado nos bananais chamado Negamon, produzido pela Dow Chemical.
- Defensores do meio ambiente nos Estados Unidos estão preocupadas com a perspectiva de que salmões transgênicos, que crescem duas vezes mais rápido do que o normal, escapem do cativeiro em que foram desenvolvidos e são criados para comercialização e caiam no ambiente natural, destruindo alimentos e outros peixes; seria uma catástrofe.
- Pior ainda é o caso da Delta & Pine, que requereu patente mundial de um gene assustador conhecido como terminator. O objetivo é incorporá-lo às sementes, de modo a que os grãos gerados pelas plantas oriundas delas sejam estéreis. Assim, o agricultor será sempre obrigado a comprar sementes de um único fornecedor, a própria Delta & Pine.
A fome entre as antigas ameaças
Os alimentos transgênicos foram um dos mais debatidos assuntos do encontro. Mas antigas e conhecidas mazelas, sobre as quais se pode ter controle mas continuam a ocorrer, entraram nas discussões e nas denúncias. Entre elas, os casos de leite pasteurizado contaminado por bactérias, azeite de oliva fraudado, água mineral com excesso de flúor, alimentos dietéticos com teor de açúcar acima do permitido por lei, balas importadas com corantes proibidos.
Fraudes como essas têm sido mantidas em segredo e restritas aos meios acadêmicos e técnicos, de forma a obstruir o acesso público à informação sobre os riscos que certos alimentos industrializados podem trazer à saúde.
Como se não bastasse, aos numerosos casos de violação dos direitos do consumidor registrados no Brasil soma-se um mais devastador ainda – o da fome crônica: este ano, um contingente de 30 milhões de pessoas foi atingido pela fome no Nordeste, e a seca é apenas o componente mais dramático dessa situação, que agrava o quadro de miséria no País.
Por isso, a campanha sobre alimentos, lançada durante o encontro, será, segundo seus articuladores, um amplo movimento nacional pelo alimento acessível, saudável e nutritivo e já começou dentro do próprio evento, com as denúncias do que vem acontecendo em várias regiões do país, feitas por dirigentes de entidades de consumidores presentes ao encontro.
Para expor as dificuldades de acesso ao alimento, Silvia Vignola, da Secretaria de Vigilância Sanitária de São Paulo e membro do Conselho Diretor do IDEC, recorreu a alguns números ao falar sobre o assunto para os representantes das organizações presentes.
Em todo o mundo – informou – estima-se que cerca de 40 mil pessoas, na maioria crianças, morram por dia de desnutrição e doenças associadas à fome. "Mas a fome não ocorre só na África. Está bem perto; aqui mesmo, no Brasil", disse, lembrando que o governo é signatário, desde 1996, da carta de intenções que resultou da Cúpula Mundial de Alimentação, realizada em Roma, que define a alimentação como um direito fundamental do homem – um direito à vida.
Na oportunidade, disse, o Brasil assumiu o compromisso de "garantir uma conjuntura política, social e econômica propícia, destinada a criar as melhores condições possíveis para erradicação da pobreza, que favoreça ao máximo a consecução de uma segurança alimentar sustentável para todos".
Seqüência de fraudes e irregularidades
Alinhados com o moderno conceito de segurança alimentar, que pressupõe o direito fundamental de não padecer de fome e o acesso a alimentos seguros e nutritivos, esses acordos jamais foram cumpridos.
E, hoje, continua-se a questionar a qualidade sanitária dos alimentos a partir de alguns dados trazidos pelos integrantes do encontro:
- Em outubro de 1997, no tradicional Encontro Nacional de Analistas de Alimentos, em Manaus, verificou-se que, dos 151 trabalhos apresentados, 42,3% se referiam a avaliações de aspectos sanitários de alimentos.
- A aflatoxina no amendoim é um dos casos de violação dos direitos do consumidor mais conhecidos. Trabalho realizado em 1996 por vários laboratórios de análises de alimentos em todo o País e coordenado pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde do Ministério da Saúde constatou que de 8 a 48% dos produtos derivados de amendoim vendidos no Rio de Janeiro, Brasília e Recife, estavam contaminados por esse potente agente cancerígeno. (Veja nesta edição o teste realizado pelo IDEC).
- Ao analisar amostras de balas importadas, técnicos da Fundação Ezequiel Dias, da Secretaria da Saúde de Minas Gerais, reprovaram 54,5% delas porque continham corantes em excesso, o que pode provocar reações alérgicas e até mesmo câncer. Desse total, 38,9% continham corantes proibidos no Brasil.
- Ainda em Minas, a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia constatou que 85% das amostras de queijo frescal estavam contaminadas por Staphylococcus aureus, bactéria que produz uma toxina causadora de graves intoxicações.
- O queijo frescal de Goiânia não era melhor: 62% das 50 amostras do produto comercializado em feiras livres, analisadas pela Universidade de Goiânia, tinham bactérias passíveis de causar toxi-infecções alimentares.
- Na Bahia, a Vigilância Sanitária avaliou a qualidade de diversos alimentos que compõem a cesta básica e são vendidos em supermercados e constatou 11,1% das amostras de leite em pó tinham excesso de bolor e levedura, em desacordo com a lei, e 41,2% das amostras de farinha estavam contaminadas acima do limite permitido pelo Bacillus cereus, uma bactéria que pode causar toxi-infecção alimentar.
- A situação na região Sudeste não é melhor: 36 testes com alimentos realizados pelo IDEC entre 1990 e 1997 revelaram que 23,7% das amostras apresentavam aspectos sanitários irregulares.
Hormônio adoece vacas
Mais uma agressão contra os interesses do consumidor. Liberada no Brasil em 1992 – dois anos antes do que nos EUA, onde estavam em curso as primeiras pesquisas para avaliar os riscos desta nova tecnologia para o homem e o meio ambiente –, a somatrotropina bovina recombinante (BSTr), produzida em larga escala graças à engenharia genética, é um hormônio sintético que permite aumentar significativamente a produção de leite de vaca e vem sendo usado no Brasil. Segundo dados oficiais, estima-se que 120 mil vacas foram tratadas com BSTr no ano passado.
Ainda que o hormônio possa não afetar diretamente o ser humano, as incertezas quanto a segurança desta tecnologia persistem: diversos trabalhos científicos demonstraram que vacas que recebiam BSTr tinham probabilidade 79% maior de contrair mastites e outras inflamações. O resultado é o uso mais freqüente de antibióticos, que, por sua vez, poderia levar a um aumento dos resíduos dessas drogas no leite consumido pelo homem e a uma maior resistência a bactérias patogênicas como o Staphylococcus aureus.
Nitrofuranos: a luta segue
Já acabou o prazo dado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento para que fosse submetido à consulta pública o projeto de Portaria que proíbe o uso de nitrofuranos em animais que produzem alimentos para consumo humano. Os nitrofuranos são substâncias químicas usadas por veterinários na prevenção e no tratamento de diversas moléstias causadas por micróbios em aves e suínos, entre outros animais. Até meados de junho, todavia, ainda não havia sido definida a retirada desses produtos do mercado nacional.
Através da Portaria 89, de 24 de março de 1998, o Ministério da Agricultura deu prazo de 60 dias para que fossem encaminhados adendos visando aperfeiçoar a redação do projeto de Portaria que veta a fabricação, importação e comercialização de produtos de uso veterinário e rações à base de cloranfenicol, furazolidona e nitrofurazona. O IDEC encaminhou sugestão, aceita pelo Ministério da Saúde, para estender a proibição ao Nitrovin, princípio ativo bastante usado no País.
O projeto de portaria do Ministério da Agricultura peca por abrir uma brecha na legislação através da qual esses produtos ainda poderão entrar no País: em seu artigo 4o, estipula que os produtos poderão ser tolerados "para emprego exclusivo" em cães, gatos e animais ornamentais que não produzam alimentos para o homem.
Os nitrofuranos foram banidos dos EUA em 1991 e da União Européia em 1994 por apresentarem risco potencial à saúde do homem, devido às suas propriedades carcigonênicas. Hoje, estima-se que o Brasil produza e consuma 13 milhões de toneladas de rações aditivadas com nitrofuranos por ano, sem que o consumidor tenha conhecimento das técnicas veterinárias usadas em animais que fornecem carne para seu consumo.
Direito à informação e alimentos transgênicospor Andrea Lazzarini Salazar
Consultora jurídica do Idec
A recente avaliação laboratorial realizada a pedido do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) na Suíça, com 51 alimentos contendo proteína de soja e/ou proteína vegetal testados, apurou que 37 (ou 72,5%) deles não possuíam soja Roundup Ready em sua composição (incluindo-se nesta categoria inclusive os produtos que apresentaram até 0,1% de soja RR); três produtos tiveram mais que 0,1% (sendo que dois atingiram 0,2% e um deles chegou a 0,7%); e 11 produtos (21,5%) continham transgênico, mas o elevado grau de processamento da matéria-prima impossibilitou a quantificação precisa.
Além do teste em laboratório, foram avaliados outros aspectos relacionados aos cuidados que cada produtor toma em relação a garantias de origem da matéria-prima utilizada em seus produtos, por meio da aplicação de um questionário às empresas alimentícias. O grande destaque do questionário ficou por conta da rastreabilidade da soja utilizada na fabricação de seus produtos, isto é, a política em relação ao controle de identidade da soja (se geneticamente modificada ou não). Foi também ponderada, de maneira geral, em que medida as empresas monitoram, junto a seus fornecedores na cadeia, a observância de aspectos de responsabilidade ambiental, trabalhista e fundiária.
O resultado geral, apesar de não muito satisfatório, provou que parcela das empresas já incorporou a necessidade de ter um sistema de rastreabilidade e controle sobre o plantio e/ou fornecimento de matéria-prima para atestar com segurança ao consumidor o uso ou não de OGM. Segundo a pesquisa, treze das vinte empresas, que, de alguma forma responderam aos questionamentos, forneceram algum documento ou indício de controle da origem da matéria-prima. Mesmo as empresas que não enviaram documentos comprovando a origem não-transgênica da soja usada em seus produtos, declararam impor restrições ao uso de soja GM para os produtos comercializados no mercado nacional.
Esta evolução nas práticas de parcela do setor produtivo pode indicar a preocupação com a rejeição dos consumidores aos alimentos transgênicos somada à necessidade de adequação à legislação.
Como se sabe, o Decreto de Rotulagem de Transgênicos (4.680/03), obriga a rotulagem de todos os alimentos transgênicos ou contendo ingredientes transgênicos, processados ou in natura, quando houver acima do limite de 1% do produto, inclusive alimentos e ingredientes produzidos a partir de animais alimentados com ração transgênica. O rótulo deve conter uma das seguintes expressões, a depender do caso: “(nome do produto) transgênico”, “contém (nome do ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)” ou “produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico” e ainda informar a espécie doadora do gene e um símbolo 1 para facilitar o reconhecimento do consumidor quanto à natureza do produto.
E, justamente, o aspecto de maior relevância do decreto de rotulagem é a determinação da rastreabilidade da cadeia produtiva para que a informação independa da possibilidade técnica de detecção da presença de organismo geneticamente modificado. A exigência da rastreabilidade é condição para que a informação sobre a natureza (transgênica ou não do grão) não se perca durante todas as etapas da produção, e, como conseqüência, seja respeitado o direito do consumidor.2
Lamentavelmente, duas propostas em tramitação no Congresso Nacional pretendem limitar significativamente (e ilegalmente) o direito dos consumidores. Nesse sentido, o Projeto de Decreto Legislativo 90/2007, de autoria da senadora Katia Abreu (DEM-TO), propõe a alteração do atual Decreto de Rotulagem para tornar inexigível a inserção do símbolo “T” e a rotulagem dos alimentos e ingredientes produzidos a partir de animais alimentados com rações contendo ingredientes transgênicos.
Por sua vez, o Projeto de Lei 4148/08, do deputado Luiz Carlos Heinze (PP/RS), pretende modificar o artigo 40 da Lei de Biossegurança, para propor as mesmas alterações da senadora Katia Abreu, e, ainda, sugerir a obrigatoriedade da rotulagem dos alimentos contendo transgênico somente quando for detectável a presença de OGM no produto final – e acima de 1%. Com isto, o critério atualmente vigente – de rastreabilidade – que impõe a rotulagem do alimento, se houver mais de 1% de OGM, independentemente da possibilidade técnica de detecção, seria substituído pelo critério da detectabilidade. O resultado imediato mais concreto seria a destinação dos grãos transgênicos para a produção de alimentos altamente processados e uma grande parte dos alimentos transgênicos no mercado sem rótulos.
A propósito, o teste do Idec, acima mencionado, sugere fortemente que esta conduta já esteja sendo utilizada por parte da indústria. Isto porque a rastreabilidade pressupõe a fiscalização de todas as etapas de produção no campo, processamento dos grãos, industrialização e venda dos alimentos, e da respectiva documentação fiscal – cuja atribuição ficou repartida entre diversos órgãos, em conformidade com suas competências legais. Assim, no âmbito federal, compete ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a fiscalização da documentação fiscal no campo, à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o acompanhamento das indústrias alimentícias e ao Ministério da Justiça coube a fiscalização da etapa de oferta dos produtos nos mercados e congêneres, sendo também competentes os órgãos estaduais e municipais, no âmbito de suas atribuições. 3 Tem-se, portanto, uma cadeia de ações interligadas e dependentes, a reclamar uma atuação sincronizada entre os vários órgãos, que, ao que tudo indica, não está ocorrendo na prática.
No entanto, o dever do Poder Público e da indústria alimentícia de assegurar a informação correta e precisa sobre a natureza transgênica ou não do alimento para permitir a escolha, reflete precisamente a vontade do consumidor. Conforme apontam diversas pesquisas de opinião, realizadas no Brasil, a maioria da população optaria por um alimento não transgênico, se pudesse decidir. 4
Sobretudo, a rotulagem de alimentos transgênicos ou contendo transgênicos no Brasil deve ser examinada sob o contexto legal de marcante proteção ao consumidor, que se iniciou com o reconhecimento da defesa do consumidor entre os direitos fundamentais em nossa Constituição Federal e ainda entre os princípios a serem observados pela livre iniciativa. 5 No passo seguinte, a edição do Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, em cumprimento à determinação constitucional, definiu princípios e consagrou direitos básicos que devem ser observados em todas as relações de consumo. É, portanto, à luz desses princípios e direitos elaborados sob a orientação do legislador constituinte de defesa do consumidor que a rotulagem plena de OGM deve prevalecer.
Para maiores informações sobre o teste realizado pelo Idec, acesse www.idec.org.br
PREGAÇÃO CONTRA OS TRANSGÊNICOS :- É aí que o governador desenvolve uma incansável pregação contra o neoliberalismo, contra os transgênicos, contra os altos pedágios nas estradas...
Transgênicos
Jornalista do Le Monde ouve Requião sobre transgênicos
“O Paraná vai continuar defendendo a produção de soja não transgênica porque este é o melhor caminho para que nossos produtores mantenham e conquistem mercados que rejeitam os produtos geneticamente modificados”. Foi o que afirmou o governador Roberto Requião, ao conceder entrevista ao jornalista Renaud Lambert, do Le Monde Diplomatique.
O jornalista francês percorreu o Paraná durante uma semana. Ele veio produzir reportagem sobre a produção agrícola paranaense livre de transgênicos. Lambert informou que a posição do governador Requião contra os produtos geneticamente modificados desperta atenções na opinião pública européia e que o Paraná é apontado como modelo de resistência ao lobby das empresas multinacionais de sementes transgênicas.
Requião destacou na entrevista que “a posição do Paraná contra os transgênicos atende a três princípios: o da precaução com a segurança alimentar, o da defesa da biodiversidade e o de ordem econômica, que garante um diferencial de mercado para a soja convencional paranaense”.
O governador disse também que o governo do Estado sempre alertou aos produtores sobre o problema da submissão ao domínio da Monsanto. “O custo desta dependência é o preço arbitrário dos royalties sobre a semente transgênica. A multinacional pode cobrar o quanto quiser. Agora, os produtores estão rejeitando o cultivo de soja transgênica porque se assustam com o elevado custo destes royalties. Alguns políticos que defenderam a liberação ampla dos transgênicos estão revendo suas posições porque levam o carimbo da Monsanto em suas biografias”.
Para Requião “a posição do Porto de Paranaguá em não embarcar transgênicos beneficia os 98% dos produtores paranaense que só cultivam soja convencional. A liberação atenderia apenas a interesses de poucos em detrimento da maioria”.
Aqui no Paraná desenrola-se também uma guerra cotidiana entre o governador Roberto Requião e a imprensa. Tal guerra começou - segundo ele sempre comenta na TV Paraná Educativa, sua trincheira de luta mais visível - desde que, no início de seu segundo mandato, em 2003, iniciou a briga para reverter o processo de privatização de empresas do estado, como a Copel (Companhia Paranaense de Energia), que continua estatal.
Iniciou essa briga e muitas outras, visando, como ele explica, anular contratos assinados pelo governo anterior considerados lesivos ao interesse público. Caiu em desgraça entre os meios de comunicação, inclusive os nacionais, onde só aparece em enfoques negativos. Mas, pelo que posso acompanhar, Requião não se curvou. Ao contrário, não só se defende, como constantemente está no ataque.
Toda manhã de terça-feira, ele e sua equipe, ao vivo, estão na Educativa no programa Escola de Governo (os “jornalões”, termo que ele próprio usa, chamam pejorativamente “a escolinha do Requião”), onde são apresentadas as ações governamentais.
- É aí que o governador desenvolve uma incansável pregação contra o neoliberalismo, contra os transgênicos, contra os altos pedágios nas estradas herdados de administrações anteriores, contra o desmatamento, em favor da biodiversidade, em favor do software livre, em favor de políticas que priorizem a produção, o emprego e renda, visando o desenvolvimento do mercado interno, e em defesa dos recursos naturais do país, especialmente o petróleo.
A TV Paraná Educativa (pode ser vista por parabólica ou pela Sky, canal 115) tem um programa intitulado Brasil Nação, apresentado por Beto Almeida (presidente da TV Cidade Livre de Brasília - comunitária), no qual, todos os domingos, a partir das 21:30 horas, são debatidos temas polêmicos da atualidade, com amplo espaço para as posições nacionalistas e de esquerda, bem ao contrário do que ocorre com as TVs privadas.
Lista de alimentos que podem conter transgênicos:
Foi transcrito, nesse texto apenas os produtos que PODEM conter. Na lista original estão também relacionados os fabricantes e produtos que NÃO contém transgênicos.
Lista de alimentos que podem conter transgênicos, segundo o GreenPeace Brasil.
http://www.greenpeace.org.br
A lista original, também com os produtos que NÃO contém transgênicos está em http://www.greenpeace.org.br/consumidores/guia_consumidor.php
ALIMENTO INFANTIL
Gerber (Novartis) Colheita especial papinha
Quaker Mingau de milho
FARINHAS E GRÃOS
Mais Vita produtos naturais Extrato de soja
Proteína texturizada
Soja em grãos
Fibra de soja
Dafap's Farinha de milho
Fubá
Farofa pronta
Hikari Farofa pronta
Milho de pipoca
Fubá
Sêmola de milho
Farinha de milho
Mistura p/ pão de queijo
Quaker Milharina
Polentina
Mistura p/ pão de queijo
ÓLEOS
Campestre Óleo de soja
Liza (Cargill) Óleo de soja
Óleo de milho
Salada (Bunge) Óleo de milho
Soya (Bunge) Óleo de soja
MOLHOS E CONDIMENTOS
Ajinomoto Sazon (todos os sabores)
Hondashi tempero
Caldo de carne/galinha
Cirio Molho de tomate (todos os tipos)
Etti (Parmalat) Salsaretti molho
Mostarda
Molho de soja
Hikari Molho de soja
Mostarda
Linguanotto (EFFEM) Pasta p/ torradas
Óleo de alho
Parmalat Molho de tomate (todos os tipos)
Molhos prontos
Peixe (Cirio) Molho de tomate (todos os tipos)
Molho inglês
Mostarda
Quaker Maionese
Santista (Bunge) Maionegg´s
Uncle Ben's (EFFEM) Molho pronto (todos os sabores)
Molho para salada
Vigor Maionese
SOPAS E PRATOS PRONTOS
Hemmer Cremes
Sopas
SOBREMESAS
Oetker Mistura p/ pudim/flan
Mistura p/ mousse
Mistura p/ sorvete
Mistura p/ chantilly
Mistura p/ bolo
Hikari Mistura p/ bolo
Quaker Mistura p/ bolo
Royal (Kraft) Mistura p/ pudim
Sol (Santista) Mistura p/ bolo
MATINAIS E CEREAIS
Bristol e Meyers Pro Sobee
Sustagem
Kellog's Cereal matinal (todos os tipos)
Mococa Nutriton mingau
Moc achocolatado
Nutrifoods Cerealon mingau
Corn flakes
Nutrilatina Diet shake
Ovomaltine (Novartis) Achocolatado
Quaker Toddy achocolatado
Choco Milk achocolatado
Chocolate em pó
CHOCOLATES E BALAS
Arcor Butter toffes
Chocolates (todos os tipos)
Cadbury Chocolates (todos os tipos)
EFFEM Twix chocolate
M&M chocolate
Snickers chocolate
Lacta (Kraft) Chocolate (todos os tipos)
BISCOITOS E SALGADINHOS
Adria Biscoitos (todos os tipos)
Bauducco Biscoitos (todos os tipos)
Torradas
Biskui
EFFEM Mr Nut's
Biscoito Raris
Elma Chips Salgadinhos (todos os tipos)
Batata frita
Glico Glico salgadinho
Ebicen salgadinho
Firenze Biscoitos (todos os tipos)
Linguanotto Soja frita
Lu (Danone) Biscoitos (todos os tipos)
Gran dia biscoitos
Triunfo biscoitos
Aymoré biscoitos
Marilan Biscoitos (todos os tipos)
Nabisco (Kraft) Biscoitos (todos os tipos)
Salgadinhos (todos os tipos)
Oetker Amendoim
Castanha de caju
Parmalat Biscoitos (todos os tipos)
Kidlat bolinho
Piraquê Biscoitos (todos os tipos)
Salgadinhos (todos os tipos)
Zabet Biscoitos (todos os tipos)
Torradas
Visconti Torradas
PÃES E BOLOS
Bauducco Torrada
Panettone
Bolo
Bolinho kids
Torta limão
Firenze Pão de soja/7grãos
Pão de forma
Bisnaguinha
Bolo inglês
Panettone
Pullman (Santista) Bisnaguinha
Pão de forma tradicional
Pão mix fibra
Ana Maria
Rocambole
Muffis
Bolo
Visconti Chocotone
Bolo
BEBIDAS
Danone Bebida láctea
Quaker Toddyinho
All day (Santista/Bunge) Alimento à base de soja
Yakult Tonyu
FRIOS, LATICÍNIOS E MARGARINAS
Danone Dany pudim de chocolate
Dannete
Corpus light iogurte
Danoninho choc
Parmalat Dessert sobremesa
Pudim de chocolate
Flan
Paulista (Danone) Glut bebida láctea
Dupli
Manjar
Flan/pudim
Santista (Bunge) Allday margarina
Primor gordura vegetal
Mila margarina de milho
Delícia margarina
Soya margarina
Vigor Flan
Gordura vegetal
Margarina
MASSAS FRESCAS
Frescarini (Pillsbury) Capeletti
Ravioli
Pastel recheado
Massa de pizza
Massa de pastel
Pavioli Ravioli de carne
Capeletti de legumes
Massa de pastel
Pastel recheado
Pastitex Capeletti carne/frango
Ravioli carne/frango
Nhoque
Massa de pizza
Pastel recheado
Massaleve Ravioli de carne/frango
Capeletti de carne/frango
Pastel recheado
Nhoque
Mezzani Ravioli de carne
Capeletti de carne
Massa de pastel
Pastel recheado
Nhoque
Firenze Massa de pizza
Massa de pastel
Santa Branca Capeletti
Ravioli
Pizza
Pastel recheado
Massa de pastel
CONGELADOS
Arosa Massa para torta
Da granja Chickenitos
Hambúrguer
Top line empanados
Kibe
Almôndegas
Forno de Minas (Pillsbury) Pão de queijo
Folhado
Pão de batata
Kilo Certo Hambúrguer
Almôndega
Chickenitos
Pizzas
RAÇÕES ANIMAIS
EFFEM Champ
Frolic
Pedigree
Whiskas
Kitekat
Guabi Faro
Top cat
Herói Mascote
Copyright © 1998 - 2003 Greenpeace Brasil.
URL:: http://www.florencio.uaivip.com.br
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