Profeta

domingo, 6 de junho de 2010

"Eu me enganei!!! diz ele hoje

Maior desastre ambiental da história dos EUA desafia governo Obama

Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: O petróleo que há mais 40 dias jorra nas águas do Golfo do México mancha a imagem de gerenciador de crises de Obama e coloca o presidente diante do maior desafio de seu governo.

A imagem do decidido gerenciador de crises, cultivada pelo presidente Barack Obama desde a chegada ao poder, está sendo manchada pelas milhares de toneladas de petróleo que jorram diariamente nas águas do Golfo do México.

Na opinião de muitos analistas políticos, a maré de óleo será para Obama o que o furacão Katrina foi para o seu antecessor. "Obama tem um problema político. A mancha de petróleo vai grudar nos seus sapatos com a mesma tenacidade que a falta de gerenciamento após o furacão Katrina grudou nos do antecessor George W. Bush", escreveu o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Os críticos acusam o presidente de mau gerenciamento da crise, de ter encarado o problema de forma hesitante e tardia. Pior do que isso: pouco antes do desastre, Obama se colocou ao lado da indústria, defendendo claramente a extração de petróleo em águas profundas. "Eu me enganei", diz ele hoje.

E o fato é que não há muito que Obama possa fazer além de elevar a pressão sobre a petroleira BP para que feche de uma vez o buraco por onde jorram entre 1.600 e 3.400 toneladas de óleo cru no mar todos os dias, segundo estimativas. É a indústria, e não o governo, que detém o know-how para as explorações em águas profundas.

"Há quase dois anos, foi uma crise que guindou Obama à Casa Branca. E agora uma crise pode colar na sua administração a pior e mais duradoura mancha. O cool gerenciador de crises (…) [de 2008] simplesmente não sabe o que fazer contra a mancha de óleo no Golfo do México em 2010", avaliou o jornal alemão Handelsblatt.

Bildunterschrift: Obama visita praia afetada pelo vazamento de óleo em Louisiana
"Vocês não serão abandonados" Obama reagiu às críticas. "Eu assumo a responsabilidade", afirmou numa entrevista coletiva para a imprensa, na quinta-feira passada. E anunciou a prorrogação por seis meses da moratória para perfurações em águas profundas na região do Golfo do México.

"Aqueles que pensam que fomos lentos na resposta ou que falhamos na urgência desconhecem os fatos", afirmou Obama. "Essa tem sido a nossa mais alta prioridade desde o início da crise."

Na sexta-feira, Obama viajou para as regiões atingidas – foi apenas a segunda viagem em 40 dias de desastre. Na região costeira do estado de Louisiana, Obama conversou com pescadores, moradores e políticos locais. "Estou aqui para dizer a vocês que não estão sozinhos. Vocês não serão abandonados."

A mensagem é especialmente importante para a região, cujos habitantes ainda trazem vivas na memória as lembranças da devastação causada pelo Katrina, que destruiu a capital Nova Orleans.

Fracasso e nova tentativa

A sorte, porém, não está do lado do presidente. Neste sábado, a BP anunciou o fracasso da operação Top Kill, destinada a conter o vazamento. A operação, complicada e sem precedentes à profundidade de 1.500 metros, consistia em enviar para dentro do poço uma espécie de lama, formada com a mistura de água e de matérias sólidas.

Até bolas de golfe, pedaços de pneus e cordas foram usados pela BP para tentar bloquear o vazamento. Quando ele parasse, seria necessário cimentar o buraco.

Obama anunciou o fracasso neste sábado: "Se no início recebemos relatos positivos sobre o procedimento, agora está claro que ele não funcionou". Com isso, a BP se voltou para uma nova tentativa. Ela poderá levar até mais de quatro dias para ser posta em prática, afirmou o diretor de operações da empresa, Doug Suttles.

Segundo ele, o novo método consiste em enviar robôs ao fundo do mar. Eles deverão serrar os tubos danificados do poço e depois cobrir o local com uma estrutura que permita capturar o petróleo e posteriormente transferi-lo para um navio.

"Este método não está isento de riscos e nunca foi testado anteriormente a esta profundidade", recordou o presidente norte-americano. "Foi por isso que não foi posto em prática antes de todas as outras opções terem sido tentadas. Será difícil e demorará vários dias", advertiu.

Nas palavras da assessora para energia de Obama, Carol Browner, o governo está preparado para o pior. "Poderá haver petróleo vazando até agosto", declarou à emissora de televisão NBC. "Este é provavelmente o pior desastre ambiental que já enfrentamos neste país."

AS/dpa/rtr/afp/lusa





"Pelicano coberto em petróleo"


BP diz que funil já recolhe mais da metade do petróleo que vaza
A petroleira British Petroleum (BP) disse neste domingo que o funil especial colocado sobre o vazamento de petróleo no Golfo do México já recolhe mais da metade do fluxo de óleo para navios na superfície.
"Neste momento, o funil de contenção desvia cerca de 10 mil barris de petróleo diariamente para superfície", disse o presidente da BP, Tony Haywards.
Calcula-se que o poço danificado, localizado cerca de 1,5 mil metros abaixo da superfície libere entre 12 mil e 19 mil barris diários de petróleo no Golfo do México, no que está sendo considerado o maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Hayward disse que a empresa pretende implementar esta semana outra tática para conter o vazamento que, junto com o funil, deve ser capaz de conter " a grande maioria" do petróleo que polui a região.
Em agosto a empresa espera conseguir uma solução definitiva para o problema quando estiverem prontos outros dois poços que devem desviar o petróleo do poço danificado.
Recuperação
O executivo disse que a empresa está comprometida com a recuperação total da região.
"Limparemos o petróleo, solucionaremos qualquer dano ambiental e deixaremos a costa do Golfo do México nas mesmas condições que estavam antes do evento. Este é um compromisso inquestionável, permaneceremos por lá muito tempo após o assunto ter deixado de ocupar a atenção da imprensa, honrando nossas promessas", disse ele.
A empresa chegou a perder um terço de seu valor no mercado de ações desde o início da crise e vem sendo criticada por gastar alegadamente US$ 50 milhões em comerciais de TV para tentar recuperar sua imagem.
A empresa diz ter gasto mais de US$ 1 bilhão em operações de limpeza desde o início do vazamento no dia 20 de abril, depois que uma explosão destruiu a plataforma Deepwater Horizon, causando a morte de 11 trabalhadores.
Em seu pronunciamento semanal neste sábado, o presidente Barack disse que vai garantir que a BP seja responsabilizada financeiramente pelo vazamento e pague "cada centavo" do que deve.

As estimativas são de que a quantidade de petróleo vazado no mar desde abril varie entre 80 milhões e 180 milhões de litros.
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