Profeta

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

TENDÊNCIAS E DEBATES

França entra com Brasil em corrida armamentista na América do Sul


O presidente Lula e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciaram um acordo para a compra de caças franceses pelo Brasil. Estima-se que sejam gastos R$ 37,5 bilhões com a aquisição. É questionada a justificativa dada por Lula, de que a compra de aviões, helicópteros e cinco submarinos — um deles nuclear — seria para proteger a Amazônia e o pré-sal. O Brasil tinha uma doutrina de defesa calcada em passos norte-americanos. De 2003 a 2008, o orçamento militar dos países da América do Sul aumentou em 91%. A corrida armamentista está lançada, segundo o presidente do Instituto Liberal, Arthur Chagas Diniz. E o jornal francês Le Monde corrobora a declaração. “É um acordo político”, afirma o presidente do Instituto Liberal.

“Lula precisa eleger o seu sucessor.” Arthur Diniz lembra que ainda não foram dominadas todas as tecnologias para o pré-sal, assim como o Brasil ainda não tem todos os equipamentos necessários. A grande bandeira de Dilma Rousseff será o pré-sal, segundo ele. “Tratar o pré-sal como coisa mais preciosa, tratar Dilma como a mais inteligente gestora. Isso justifica as compras para a segurança do pré-sal.” Lula havia declarado: “Sabemos a quantidade de petróleo que temos e desenvolvermos a área de defesa é cuidar do nosso território”. Segundo o presidente da República, a decisão de comprar os caças foi baseada na promessa de transferência de tecnologia aeronáutica francesa para o país.

O presidente do Instituto Liberal afirma que vê a necessidade de o Brasil adquirir equipamentos, mas questiona como a seleção está acontecendo. Ele defende que é contra o país ficar anos sem comprar armamentos e fazer uma “compra-família”. “A escolha pelos caças da Dassault não é pelo melhor equipamento. A posição do Brasil tem uma retórica anti-EUA.” De acordo com Arthur Diniz, o setor de armamentos é um dos que envolvem maiores comissões “por dentro e por fora, os legais e os ilegais”.

O Le Monde afirma que o acordo “configura o maior contrato militar já assinado pelo Brasil”. A reunião entre os líderes Lula e Sarkozy aconteceu no Palácio da Alvorada, durante a visita do presidente francês no 7 de setembro brasileiro. Após a disputa entre três concorrentes, o fabricante francês Dassault Aviation transferirá ao Brasil tecnologia sobre os sistemas eletrônicos de seus aviões Rafale, dentro do contrato para a venda destes aparelhos de combate pela França ao Brasil. Arthur Diniz afirma que, dos três aviões, o mais caro é o Rafale, sem nenhuma evidência de superioridade em relação ao F18, da Boeing, e ao Gripen, da Saab, a fornecedora sueca. Segundo o acordo, o Brasil poderá fabricar e vender aviões a outros da América do Sul.

“A Venezuela deu a partida para a corrida armamentista”, diz o presidente do Instituto Liberal. A compra de caças russos e centenas de milhares de rifles ameaçou a Colômbia, segundo ele. Os colombianos têm um acordo de cooperação militar com os norte-americanos. O alvo explícito são as Farc, as Forças Revolucionárias da Colômbia. Os EUA, por sua vez, querem acabar com o tráfico de drogas. Os guerrilheiros já foram encontrados com armas suecas compradas pela Venezuela. O presidente Hugo Chávez alegou que os armamentos haviam sido roubados.

O Brasil foi o segundo da lista a se armar depois da Venezuela. A Argentina seria a terceira, de acordo com Diniz. Ele acredita que o país irá se relacionar com os EUA na corrida. “Apesar de ser também um dos países bolivarianos (‘simpáticos a Chávez’), é um mau menor se casar com os norte-americanos. Todos vão se armar e ela não pode ficar de fora. A corrida está aí, está lançada a guerra.” A palavra “guerra”, digamos, é de importância, poder de dissuasão “real e moral”, de acordo com o presidente do Instituto Liberal.

O jornal francês Le Monde diz que a iniciativa faz o Brasil reafirmar a sua posição estratégica na América do Sul. Os Rafales, no entanto, não foram testados em combate. Como a dourtina de defesa do Brasil era calcada na norte-americana, os militares, os artilheiros, os pilotos, o software, enfim, toda a estrutura francesa é completamente diferente do que foi realizada até o momento no Brasil.

Arthur Chagas Diniz afirma, ainda, que o equipamento bélico brasileiro atualmente é precário e antigo e vê que a Marinha e a Aeronáutica brasileiras serão beneficiadas com os aviões e os submarinos. “Acho estranho o Exército não ter se posicionado ainda.”

Sarkozy chamou Lula de amigo, líder e “homem especial”. O presidente francês manifestou apoio ao Brasil em quase todas as frentes de batalha do Itamaraty, desde a luta por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU até a candidatura do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016.

Caro leitor,

Você acha que o Brasil precisa de armamentos de tecnologia de ponta como caças a jato e submarino nuclear?

Os aviões da Embraer poderiam servir para nossa defesa nos âmbitos da Amazônia e pré-sal?

Você acredita que o montante de R$ 37,5 bilhões está sendo empregado da melhor forma?

Nenhum comentário:

Postar um comentário